Lameblogadas

terça-feira, maio 07, 2002

Ai, que preguiça... O nosso herói sem caráter inspirou a minha matéria de hoje sobre o roubo de um muiraquitã. A frase de Macunaíma também já foi título de um trabalho de faculdade com o subtítulo "Macunaíma, da literatura ao cinema". O filme de Joaquim Pedro, para mim, é dos melhores de nossa cinematografia. Sempre ouvia falar mal do Macunaíma de Mário de Andrade. "Difícil de ler", "intragável", "intransponível". Essas frases, ditas até por estudantes de letras, me afugentaram por um tempo. Perda de. Eu já deveria ter lido o livro pelo menos três vezes de tanto prazer que tive na primeira. Agora, o tempo é escasso. E quando sobrar o usarei para reler a história maior de nossa literatura (sim, a universal, a de todos os amantes das letras - não apenas a brasileira): a do nosso bravo guerreiro Dom Quixote de la Mancha, meu livro predileto. Tenho um exemplar de capa dura, com o título dourado (do tempo em que as brochuras eram rica e belamente editadas), guardado com o maior carinho na parte nobre de minha estante: a mais próxima de minha cama. Enquanto o tempo não chega, vou ficando com as crônicas do brasileiríssimo Nelson Rodrigues. Divertidas, curtas, históricas. Literatura de primeiro quilate, escrita em jornal. A adaptação literária para o cinema é dos maiores desafios. Ontem mesmo li em Época que o livro "O invasor" é melhor que o filme. Pois, digo: temerosa avaliação. Fácil é dizer que o livro supera o filme. Difícil reconhecer que a película é tão boa quanto. Quem viu "Macunaíma" e leu o livro fica na dúvida. O mesmo em relação ao "Toda nudez será castigada", no caso, uma peça literária de Nelson. Jabor, cineasta e jornalista (abro um parêntese para protestar contra um coleguinha que afirmou ser o colunista de O Globo um "cineasta de um filme só". calei-me. mas deu vontade de enumerar os filmes que vieram à mente naquele instante: "O casamento", "Pindorama", "Toda nudez...", "Eu te amo", "Eu sei que vou te amar" e "Opinião Pública". ignorante!, pensei apenas, engolindo a raiva). O que dizer da adaptação literal de "Um copo de cólera", do Raduan Nassar? Nem li o livro, o filme (e o Alexandre Borges) me disseram todo o texto. "Lavoura arcaica" é um caso à parte. No dia em que fui assistir, estava tão triste que chorei quase o tempo todo. Todos os arroubos dramáticos de Selton Melo me emocionaram. Devo vê-lo de novo, em tempos mais racionais...