Nas últimas duas semanas, minha vida virou um quadro de Miró.
Andei meio desligada de compromissos. Fingi que esqueci a injeção que precisava tomar há dez dias, meu cartão do banco quebrou há uma semana e ainda não pedi outro, perdi o crachá do jornal em Campo Grande, vim trabalhar sem a carteira, fiquei com preguiça de pôr o casaco na bolsa para me prevenir do frio. Enfim, estou mais ou menos como na música:
Timoneiro
(Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar
É ele quem me navega
Como nem fosse levar
E quanto mais remo mais rezo
Pra nunca mais se acabar
Essa viagem que faz
O mar em torno do mar
Meu velho um dia falou
Com seu jeito de avisar:
- Olha, o mar não tem cabelos
Que a gente possa agarrar
Timoneiro nunca fui
Que eu não sou de velejar
O leme da minha vida
Deus é quem faz governar
E quando alguém me pergunta
Como se faz pra nadar
Explico que eu não navego
Quem me navega é o mar
A rede do meu destino
Parece a de um pescador
Quando retorna vazia
Vem carregada de dor
Vivo num redemoinho
Deus bem sabe o que ele faz
A onda que me carrega
Ela mesma é quem me traz
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home