Não queria falar sobre guerra, mas ontem fui assistir a "O Pianista" e não pude deixar de pensar, durante a projeção, no ataque de Bush ao Iraque.
Muitas coisas nos impressionam nessa guerra de Bush. A pior delas é a forma como o presidente americano ignora o resto do mundo, as convenções de guerra, as leis do seu próprio país e afirma, sem o menor pudor, que seu objetivo é assassinar Saddam Hussein. Que legitimidade tem Bush para invadir um país, com a torpe justificativa de prevenir o seu país de novos ataques terroristas? A dada por parte da estúpida sociedade que resolveu agora boicotar produtos franceses?
Como o ataque ainda não produziu imagens chocantes, digo de crianças feridas, gente morta e coisas que tais, a que mais me chocou até agora foi a de americanos despejando vinho francês no mar e a do muro pixado da casa de uma francesa nos Estados Unidos, exortando à sua expulsão do país.
Vendo o gueto de Varsóvia sendo construído na tela pintada por Polanski, pensei nos palestinos exilados em bairros de Israel, sendo humilhados na entrada da capital, impedidos de entrar lá pelo temor israelense deles serem homens-bomba terroristas.
Nas cenas de assassinatos brutais e banais do filme, e em outras onde a sobrevivência também não tem explicação lógica, lembrei da violência do Rio. Aqui, não se pode prever a reação de bandidos, às vezes cismam de matar, outras só aterrorizam ou simplesmente deixam as vítimas com vida. Banal como beber água, beijar um bebê, dar bom dia aos amigos.
Fiquei com o coração apertado no cinema, mas as lágrimas desceram sorrateiramente apenas nos momentos musicais. Quando a violonista, que ajudou a salvar a vida do pianista, tocou o violino em seu quarto, grávida, em meio à guerra. E na cena em que o pianista tocou para o oficial nazista fã de música. A conclusão é boba, mas certa: a arte sempre sobrevive.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home