Lameblogadas

terça-feira, outubro 19, 2004

Entre números de Ibope, agendas eleitorais, fôrmas e entrevistas, vou aos poucos voltando ao mundo das minhas fantasias - cartas, crônicas, romances, amor e poesia.

A estante cheia aflige - os livros qualquer dia hão de se rebelar e cair todos sobre minha cama - mas a fila anda. Agora começo a dividir a correspondência (um dos meus gêneros literários preferidos) dos quatro mineiros com a picardia do meu predileto Nelson Rodrigues. Tenho uma obsessão, confesso: ler todos os livros publicados dele. Faltam três. Cada vez que os inéditos chegam às livrarias minha missão ganha ares de impossível. Assim espero: que não termine nunca.

No reencontro com uma amiga, a constatação: gostamos de coisas antigas. Por que? Nossos ídolos já morreram. Drummond, Glauber, Cartola, Murilo, Nelson, Ana Cristina, Tom, Caio, Otto, Vianinha, Vinícius, Joaquim, Noel e Paulo. Exagero? Talvez, mas as novas referências também são antigas. Candeia, Clementina, Elizeth, Clara...

Mas de que adianta tudo isso? Desejo reprimido, saudade, dor? Morreu a avó da Monique, vai nascer o bebê da Gislaine. Ela me liga amanhã da Alemanha para dar a notícia. Eu aqui nesse frio, o Pedro lá ao ar livre, no calor do Nordeste. Será que vou ter carona para Niterói? A Central do Brasil deve estar deserta.