Lameblogadas

sexta-feira, agosto 05, 2005

Da lista de poesia enviada semanalmente pelo amigo Henrique Rodrigues, um poema que me vem à mente em dias de discussão com os amigos sobre a vida e seus propósitos. O poema é do "Silêncio e Palavra", primeiro livro de Thiago de Mello, publicado em 1951.

RUMO

Somente sou quando em verso.

Minhas faces mais diversas
são labirintos antigos
que me confundem e perdem.

Meu pensamento perfura
muros de nada, à procura
do que não fui nem serei.

Ante a carne fêmea e branca
meu corpo se recompõe
ofertando o que não sou.

Meu caminhar e meus gestos
mal e apenas anunciam
minha ainda permanência.

Para chegar até onde
Não me presumo, mas sou,
sigo em forma de palavra.