A volta pra casa é uma coisa muito chata pra quem tem que atravessar quatro pistas em velocidade máxima; se equilibrar entre os buracos da calçada, os camelôs, a fumaça das barraquinhas de churrasco, os vendedores de vales-transporte e as pessoas ansiosas para pegaram suas conduções; esperar o ônibus, que vem cheio e com homens inconvenientes e sem modos; carregar a bolsa pesada e agüentar em pé o engarrafamento e o cansaço.
Fica pior ainda, a volta para casa, quando se é obrigado a ouvir os bárbaros clichês ditos nas ruas. Ontem, ao ver um grupo de meninos pretos e mal-vestidos caminhando pela Francisco Bicalho, uma senhora armou um barraco dentro do ônibus. Agitou todo mundo, apontando para "aqueles pivetes filhos da puta que roubam e matam inocentes por aí". "Olha lá, estão preparados para dar o bote", gritava. Os garotos não fizeram nada, pelo menos no tempo em que o ônibus levou para entrar na Ponte. Mas o burburinho continuou. Frases feitas e cheias de preconceitos foram ditas durante a viagem. Falou-se da chacina da Candelária, das pessoas que defendem esses "marginaizinhos", das meninas que pedem esmola, em vez de aceitarem ser empregadas da classe média. "Não querem saber de um tanque, um fogão, só de pedir".
Deus que me perdoe, mas atravessei os 14 km que separam o Rio de Niterói pela Baía de Guanabara tendo um desejo horrível. Quis muito que os tais pivetes entrassem realmente no ônibus para assaltar. Mas somente as duas idiotas.
Fica pior ainda, a volta para casa, quando se é obrigado a ouvir os bárbaros clichês ditos nas ruas. Ontem, ao ver um grupo de meninos pretos e mal-vestidos caminhando pela Francisco Bicalho, uma senhora armou um barraco dentro do ônibus. Agitou todo mundo, apontando para "aqueles pivetes filhos da puta que roubam e matam inocentes por aí". "Olha lá, estão preparados para dar o bote", gritava. Os garotos não fizeram nada, pelo menos no tempo em que o ônibus levou para entrar na Ponte. Mas o burburinho continuou. Frases feitas e cheias de preconceitos foram ditas durante a viagem. Falou-se da chacina da Candelária, das pessoas que defendem esses "marginaizinhos", das meninas que pedem esmola, em vez de aceitarem ser empregadas da classe média. "Não querem saber de um tanque, um fogão, só de pedir".
Deus que me perdoe, mas atravessei os 14 km que separam o Rio de Niterói pela Baía de Guanabara tendo um desejo horrível. Quis muito que os tais pivetes entrassem realmente no ônibus para assaltar. Mas somente as duas idiotas.
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