Sonho interrompido
Voltei há pouco da missa de sétimo dia de uma menina que nunca vi na vida. Ela tinha amigos, família e sonhos. Gostava de ouvir Renato Russo e duas músicas do cantor foram tocadas na igreja. O crachá de repórter pendurado no peito não me protegeu. Ao ouvir os versos da música que tocava quase todas as noites na novela ("tem gente que machuca os outros/tem gente que não sabe amar"), eu também chorei. A repórter da CBN não sabia como esconder as lágrimas. O câmera da Band também não. Dizia ele: "me mandem cobrir dez tiroteios, mas não me faça filmar a tristeza de uma família". Ele resumiu bem o que os jornalistas sentíamos ali. Não dá para ser frio, ficar imune ao sofrimento de uma família que poderia ser a nossa, mesmo estando a trabalho. Os familiares observavam nossa emoção com olhar de surpresa. Como se nós, seres às vezes inconvenientes, chatos que fazem perguntas fora de hora, não tivéssemos coração. Temos, sim, e também sofremos muito por isso.
Voltei há pouco da missa de sétimo dia de uma menina que nunca vi na vida. Ela tinha amigos, família e sonhos. Gostava de ouvir Renato Russo e duas músicas do cantor foram tocadas na igreja. O crachá de repórter pendurado no peito não me protegeu. Ao ouvir os versos da música que tocava quase todas as noites na novela ("tem gente que machuca os outros/tem gente que não sabe amar"), eu também chorei. A repórter da CBN não sabia como esconder as lágrimas. O câmera da Band também não. Dizia ele: "me mandem cobrir dez tiroteios, mas não me faça filmar a tristeza de uma família". Ele resumiu bem o que os jornalistas sentíamos ali. Não dá para ser frio, ficar imune ao sofrimento de uma família que poderia ser a nossa, mesmo estando a trabalho. Os familiares observavam nossa emoção com olhar de surpresa. Como se nós, seres às vezes inconvenientes, chatos que fazem perguntas fora de hora, não tivéssemos coração. Temos, sim, e também sofremos muito por isso.
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