O dia em que Roberto Marinho morreu
Agosto de 2003, saí do jornal mais cedo. Pegamos a Av. Brasil rumo a Acari. Reconheci o bairro quando vi os prédios amarelinhos. Estivera ali na campanha eleitoral de 2002. Aquela noite seria a minha primeira vez num estúdio. Que bom ter sido no que fica numa casa do subúrbio, de onde se ouve choro e samba.
A noite foi longa. Eu, quieta, morrendo de timidez, ouvia a dupla cantar:
"Tudo que você diz/Na maior lealdade/É mentira..."
E repetir:
"Tudo que você diz/Na maior lealdade/É mentira..."
O produtor e arranjador queria a perfeição: "Mais uma vez". "De novo". "Vamos repetir". "Essa não ficou boa". "Outra vez". "Vamos recomeçar daquele ponto". Cansaço, demora...qualidade.
Eu já conhecia algumas músicas. Quando nos conhecemos, estava se dando a escolha do repertório. Não participei, nem dei opinião, mas fui testemunha das descobertas. Os versos certos são assim: "Em quatro escolas de samba/Favela, Portela, Império e Mangueira". Não me lembro se foi nesse dia, mas do disco já tinha a minha favorita - a primeira.
Na volta pra casa, mamãe preocupada ligou para avisar da morte do meu patrão. Queria saber se eu estava trabalhando. Ela não sabia, nem eu, qual era a grande notícia do dia. "Dois bicudos" estava sendo finalizado, teria um grande lançamento meio ano depois, boas críticas e vendas?, e uma projeção que o levaria a ser escolhido como um dos 10 melhores discos do ano pelo júri do Segundo Caderno do Globo. Agora tem mais: é também um dos indicados ao Prêmio Tim de melhor disco de samba de 2004.
A festa vai ser em junho, no Municipal. Ainda não sei se vou precisar comprar a roupa de gala. Mas já adianto meus parabéns aos dois meninos, ao Maurício Carrilho, à Luciana Rabello, ao pesquisador Paulo Cesar de Andrade e à "madrinha" Cristina Buarque.
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E na categoria melhor disco instrumental, os parabéns pela indicação de "Água de beber", do Quarteto Maogani, do muito querido Paulo Aragão.
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