Outro dia, dois artigos importantes foram publicados no Globo, na mesma página. Os dois tratavam do mesmo assunto, os descaminhos do governo Lula. Um era do Veríssimo e, a propósito das novas ações do PT no Planalto, acho que não é tarde para reproduzi-lo aqui:
Passar por louco
As velhas frases não perdem a utilidade. "Façam o que eu mando, não o que eu faço" é o que os Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, não param de dizer aos outros quando recomendam austeridade fiscal, ou quando pregam o comércio livre universal enquanto subsidiam sua agricultura e protegem sua indústria. Outra frase pronta, "se fazer de louco para passar bem", se adapta ao governo Lula e pode mesmo ser a justificativa histórica do PT, quando for prestar conta das suas incoerências no poder.
Como não há mais dúvidas de que este é um governo esquizofrênico, resta saber até que ponto é uma esquizofrenia pensada, estratégica, talvez até ensaiada, e no fim compreensível. Ou até que ponto é um governo que se faz de louco para ser viável. Quem acreditou que Lula e o PT no governo fariam diferente se apega à esperança de que haja uma coerência mestre por trás da aparente confusão. Que a equipe econômica não esteja dedicada a avalizar a defesa do Pensamento Único segundo a qual ele era único porque não existia outro e sim a uma mudança gradual do modelo para não assustar ninguém. Que até desastres de RP como a ameaça de punir dissidentes, os velhinhos do Berzoini na fila para se recadastrarem e o corte de verba para deficientes tenham uma lógica secreta. Que o mais importante, ao entrar em território dominado pelo inimigo e antes de garantir posições, seja mesmo a camuflagem. Que o verdadeiro governo Lula começa no ano que vem. Ou até que a decepção interna seja só uma concessão para disfarçar a grande diferença deste governo, que é a nova postura internacional do Brasil.
O perigo é que aconteça o que aconteceu com aquele cara que teve tanto sucesso se fazendo de louco para passar bem que acabou internado, e ficou o resto da vida tentando convencer os médicos que sua esquizofrenia era fingida e insistindo que não estava apenas se fazendo de normal para sair do asilo. Pois vale tanto para os loucos como para os sãos: a gente não é o que diz que é ou pretende ser, a gente é o que faz. Ou deixa de fazer.
Passar por louco
As velhas frases não perdem a utilidade. "Façam o que eu mando, não o que eu faço" é o que os Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, não param de dizer aos outros quando recomendam austeridade fiscal, ou quando pregam o comércio livre universal enquanto subsidiam sua agricultura e protegem sua indústria. Outra frase pronta, "se fazer de louco para passar bem", se adapta ao governo Lula e pode mesmo ser a justificativa histórica do PT, quando for prestar conta das suas incoerências no poder.
Como não há mais dúvidas de que este é um governo esquizofrênico, resta saber até que ponto é uma esquizofrenia pensada, estratégica, talvez até ensaiada, e no fim compreensível. Ou até que ponto é um governo que se faz de louco para ser viável. Quem acreditou que Lula e o PT no governo fariam diferente se apega à esperança de que haja uma coerência mestre por trás da aparente confusão. Que a equipe econômica não esteja dedicada a avalizar a defesa do Pensamento Único segundo a qual ele era único porque não existia outro e sim a uma mudança gradual do modelo para não assustar ninguém. Que até desastres de RP como a ameaça de punir dissidentes, os velhinhos do Berzoini na fila para se recadastrarem e o corte de verba para deficientes tenham uma lógica secreta. Que o mais importante, ao entrar em território dominado pelo inimigo e antes de garantir posições, seja mesmo a camuflagem. Que o verdadeiro governo Lula começa no ano que vem. Ou até que a decepção interna seja só uma concessão para disfarçar a grande diferença deste governo, que é a nova postura internacional do Brasil.
O perigo é que aconteça o que aconteceu com aquele cara que teve tanto sucesso se fazendo de louco para passar bem que acabou internado, e ficou o resto da vida tentando convencer os médicos que sua esquizofrenia era fingida e insistindo que não estava apenas se fazendo de normal para sair do asilo. Pois vale tanto para os loucos como para os sãos: a gente não é o que diz que é ou pretende ser, a gente é o que faz. Ou deixa de fazer.
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