Para espantar a melancolia (vou trabalhar todos os dias desse Carnaval e não é na Sapucaí), vou postar um samba-enredo do mestre Ary do Cavaco, de 1971, e que vim ouvindo hoje no caminho de casa para O Globo na gravação do Paulinho da Viola. Ary do Cavaco é um dos compositores que assinam o samba deste ano da minha querida Portela.
Cada vez me convenço mais que há mesmo uma separação dolorosa, inevitável e eterna entre o samba dos grandes da Portela e o dos desfiles na Sapucaí. Por mais que sejamos bons na quadra, tenhamos uma Velha Guarda de dar orgulho não conseguimos mais juntar as duas pontas. O negócio é curtir as feijoadas dos primeiros sábados (com ressalvas, já que a nova administração tem estragado um pouco o convívio entre os portelenses) e torcer para que a azul-e-branco de Oswaldo Cruz, pelo menos, não caia para o segundo grupo. Do jeito que as coisas andam, essa é a única torcida possível.
E que deixem a nossa Velha Guarda desfilar em paz.
Lapa em três tempos
Ary do Cavaco e Rubens
Vem dos Vice-Reis
E dos tempos do Brasil imperial
Através de tradições
Até a república atual
Os grandes mestres do passado
Dedicaram obras de grande valor
À Lapa de hoje
À Lapa de outrora
Que revivemos agora
As serestas
Quantas saudades nos traz
Os cabarés e as festas
Emolduradas pelos lampiões a gás
As sociedades e os cordões
Dos antigos carnavais
Olha a roda de malandro
Quero ver quem vai cair
Capoeira vai plantando
Pois agora vais subir
Poeira....poeira ô poeira
O samba vai levantar poeira
Imagem do Rio antigo
Berço de grandes vultos da história
A moderna arquitetura lhe renova a toda hora
Mas os famosos arcos
Os belos mosteiros
São relíquias deste bairro
Que foi o berço de boêmios seresteiros
Abre a janela formosa mulher
Cantava o poeta trovador
Abre a janela formosa mulher
Da velha Lapa que passou
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