Lameblogadas

terça-feira, fevereiro 06, 2007


Levante as mãos para o alto, prepare a chuva de confetes e se embale ao som da marcha-rancho. Gênero musical que produz verdadeiras epifanias em blocos, bailes e shows, a marcha emociona, faz lembrar até de carnavais que não vivemos. Não há quem passe incólume aos primeiros acordes de "Bandeira branca, amor/Não posso mais/Pela saudade/Que me invade eu peço paz". E no refrão "E as pastorinhas/Pra consolo da lua/Vão cantando na rua/Lindos versos de amor"? É de dar a mão e sair bailando...

No último show do Rancho Flor do Sereno, a orquestra que revive folias de outrora na segunda de carnaval no Bip Bip, um dos muitos momentos mágicos foi ver o povo todo entoando os versos de Chico Buarque ("Mas é carnaval/Não me diga mais quem é você/Amanhã, tudo volta ao normal/Deixe a festa acabar/Deixe o barco correr/Deixe o dia raiar/Que hoje eu sou/Da maneira que você me quer/O que você pedir/Eu lhe dou/Seja você quem for/Seja o que Deus quiser/Seja você quem for/Seja o que Deus quiser"). Teve gente que tomou confete na cerveja e guarda até hoje a lembrança daquele baile. Tem confete na minha bolsa até hoje!!!

A marcha-rancho sintetiza o delírio da festa, o salve-se quem puder, o momento do beijo, a descoberta do amor, o abraço apertado, a comunhão dos estranhos. É a horinha de descuido, de se achar a felicidade no salão, na rua, na pessoa ao lado. Este ano, além de "Velho palhaço", o concurso Nacional de Marchinhas também tem, entre as finalistas, uma composição que é metade rancho metade marcha. Na Fundição, ela incendiou os foliões, que se surpreenderam com a mudança de ritmo na segunda parte e a decretaram favorita. É o "Falso Arlequim", de Homero Ferreira, que vem colocando o povo para dançar há muito tempo, desde que compôs "Ei, você aí/Me dá um dinheiro aí/Me dá um dinheiro aí". Ele é o autor da marcha do Viagra, que ganhou o concurso ano passado. Na TV, essa marcha parecia boba, chata. Mas o velho entende das coisas. Dia seguinte ao baile e não saía da cabeça os versinhos "Tá, tá muito bom/Se ficar melhor estraga/Velho e com disposição/É o milagre do Viagra".

Então, Falso Arlequim:

FALSO ARLEQUIM *
Autores: Homero Ferreira e Didi Farag / Intérprete: Homero Ferreira

Onde andará
Nesta multidão
A colombina
Que me abandonou
Trocando o seu pierrot
Por um falso arlequim
Oh! Colombina
O meu drama não tem fim

Por isso eu vou
De bar em bar
Me embriagar
Até o sol raiar
Como essa estória
Termina sempre assim
No outro carnaval
Eu vou sair de arlequim

* Quem quiser ouvir as marchas é só acessar o site do Fantástico (http://fantastico.globo.com/). Estão lá as dez finalistas.

2 Comments:

  • Curioso: até gosto de marchas, mas o que me emociona de fato são os sambas-de-enredo. Isso talvez se deva ao fato de sempre ter preferido o carnaval de rua, e na minha infância as marchas eram mais características dos clubes fechados...

    By Anonymous Anônimo, at 4:27 PM  

  • Eu também adoro os sambas-enredo. Aliás, pulei muito mais carnaval com eles que com as marchas. Mas, curioso também, nos clubes que freqüentei a música era o samba-enredo. Sem contar os ensaios das escolas, os desfiles na Sapucaí...Quando estou do lado de uma bateria, sai de baixo. Mexe tudo, arrepia, é uma coisa ótima. Todo ano, na infância e adolescência, a gente comprava o CD das escolas e eu o ouvia o ano inteiro, mesmo depois do carnaval.

    Já o carnaval de rua, pra mim, está mais associado às marchas mesmo. Ainda na adolescência, eu achava as marchas "coisa de antigos". O tempo muda, nosso coração também. Agora já não sei como explicar as emoções diferentes de cada gênero...

    Beijos

    By Blogger Cláudia Lamego, at 5:12 PM  

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