Lameblogadas

terça-feira, maio 21, 2002

O jornalismo é uma droga!
Explico: não sei se alguém leu uma crônica que o João Ximenes Braga escreveu no caderno Ela sobre as drogas da nova (a dele e a minha) geração. Senti-me aliviada ao descobrir que não era a única dependente de remédios antidepressivos e para dormir. Comecei a tomá-los no fim do ano passado e identifiquei-me com os pós-modernos estressados e oprimidos do texto de Ximenes.
Trabalho, amor, dinheiro. Tudo mal resolvido. Solução: Frontal e ... caramba, esqueci o nome do remédio para aplacar a tristeza (o primeiro a ser abandonado!!!).
Quando comecei a ingeri-los deixei de tomar aquela cachacinha no seu Osvaldo, a cervejinha na Elvira e o vinhozinho na Argumento. Minha vida não melhorou muito por causa deles, então. A amorosa, então, nem se fala. Parece que foi castigo do deus Baco: meu coraçãozinho partiu-se. Sem pão de queijo, doce de leite e ruas íngremes de mão dupla a tristeza instalou-se.
Em compensação, a vida profissional ficou parcialmente resolvida. Até setembro, pelo menos, tenho emprego, salário (pequeno, vá lá) e diversão garantidos. Com pouco mais de quinze dias na Nacional, do Globo, deixei de tomar o Frontal. Já se passaram quatro dias de liberdade e ainda não sofri nenhuma crise de abstinência. Descobri nesse pouco tempo que o trabalho, quando feito com amor e prazer, supera as dificuldades (e são muitas nessa profissão) e torna-se tão embriagante quanto um bom livro, uma conversa no seu Osvaldo (com direito a Salinas e trilha) com amigos, uma visita a um pedaço de Minas que mora na Pereira da Silva, um fim de semana entre árvores e passarinhos ou uma música de Noel Rosa.
O jornalismo é uma droga que me faz desmaiar na cama quando chego em casa à noite (pode ser na madrugada) e só acordar no dia seguinte. Sem Frontal para atrapalhar os bons sonhos.