Lameblogadas

sábado, julho 03, 2004



Tristeza não tem fim...

Estou quase terminando de ler a biografia de Senna. Queria recomendá-lo para os fãs das corridas, sennistas ou não, porque o livro é fruto de um trabalho de pesquisa muito interessante. Além de recuperar tudo o que foi escrito sobre o piloto na imprensa, Ernesto Rodrigues entrevistou mais de 200 pessoas, entre namoradas, amigos, pilotos, mecânicos e dirigentes das equipes. Ele recompôs a história, corrida a corrida, relembrando os lances geniais, contando os bastidores de negociações de contratos, da publicação de notícias polêmicas e revelando um pouco da personalidade de Senna.

Nesse fim-de-semana do GP de Magny-Cours, onde Barrichelo fez o melhor tempo no primeiro dia de treinos e acabou caindo para a 10ª colocação nos treinos de hoje, vale reproduzir um trecho em que o autor conta uma historinha emblemática. O GP era o da Europa, no autódromo de Donnington Park, naquela corrida em que, dizem os especialistas, Senna fez a melhor primeira volta da história do automobilismo, saindo da quarta colocação no grid para liderar a prova segundos depois. Na pista, um breve encontro entre os dois brasileiros:

"Absoluto na pista, Senna só encontrou uma certa dificuldade com outro piloto, que também dava um espetáculo quase incógnito naquela corrida. Ao saltar de 12º lugar no grid para a quarta posiçao, também na primeira volta, Rubens Barrichello, pilotando uma Jordan-Yamaha, não poderia imaginar situação melhor naquele aguaceiro, em sua terceira corrida de Fórmula-1. Mas a confusão causada pela chuva e pela sucessão de pit-stops era tanta que, quando Senna se aproximou para colocar uma volta de vantagem sobre ele, Barrichello achou que era uma disputa de posição. Seu relato, dez anos depois:
- Eu estava sem noção do que estava acontecendo. Largara sem nunca ter feito um pit-stop na vida, mas já tinha feito cinco paradas, quando Senna se aproximou. Eu tinha visto o boxe da Jordan me mostrar placas dizendo que eu estava em terceiro e, depois, em segundo lugar. Na falta de novas placas e na dúvida, comecei a achar que estava liderando a corrida.
A disputa não passou de duas curvas, mas foi suficiente para deixar Senna irritado. Barrichello, muito provavelmente, terminaria em segundo lugar, se não fosse traído a poucas voltas do final pelo motor Yamaha. Teve de abandonar e ainda engolir um grande sapo, o primeiro de sua carreira: a equipe divulgou que o problema era pane elétrica, mas, na verdade, garantiu Geraldo Rodrigues, manager de Barrichello na época, foi falta de combustível. Os técnicos da Yamaha haviam imposto a versão de pane para não expor seu motor beberrão."