João Gabriel
Em seu primeiro dia de vida, ele já demonstrava que seria muito parecido com a titia: no berçário, todo encolhidinho, estava de barriga para baixo, dormindo do mesmo jeitinho que eu.
Magrinho, sempre foi "ruim de comer", nas palavras da minha mãe. Como eu. É tão carinhoso que quando chega lá em casa fica uns bons cinco minutos (tempo recorde para uma criança cheia de gás) no meu colo, num abraço carinhoso que alegra o mais triste dos dias.
Demorou a começar a falar, mas agora é ele quem atende o telefone em casa:
_ Alô.
_ Alô, Neném...
_ Oi, titia Cládia. Pepê tá aí? _ pergunta, reconhecendo minha voz e querendo saber do amigo com quem adora brincar quando visita minha casa.
João Gabriel é a minha maior fonte de emoções. Nem o mais cansativo dos dias me impede de levantar da cama assim que escuto a sua presença. Não passo um dia sem ligar, para ouvir sua vozinha, nem que seja de longe, quando ele cisma de não querer atender porque está brincando.
Agora está na escola. No segundo dia, inventou para a tia que estava "passando mal". Perguntado sobre o que estava sentindo, apontou para os olhos. "Dói", inventou, talvez com aquela dorzinha mesmo de vontade de chorar.
Ele é o amor da minha vida.
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