A volta
Zé Dirceu cassado, atentado a ônibus no Rio de Janeiro, queda do PIB... estou voltando de férias, mas infelizmente não tratarei de nada disso. Hoje é o primeiro dia no Jornal de Bairros, o que ao menos vai me permitir voltar à uma rotina mais ou menos normal. Tempo para o cinema durante a semana, possibilidade de programação antecipada de eventos e mais disposição para escrever no blog. E vamos começar com poesia. Essa foi mandada pelo amigo Henrique Rodrigues em meados de novembro.
COM LICENÇA POÉTICA
Adélia Prado
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
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