Lameblogadas

terça-feira, julho 18, 2006

Resposta da mãe do Antônio ao texto que enviei a ela e aos amigos por email. Lili não lê blogs, mas autorizou que eu a publicasse.

Nossa, me deu até vontade de chorar. Eu, Lucas e meus irmãos não éramos bem crianças de botequim, mas crianças de casas de amigos e famílias repletas de comida e bebida. Às vezes eu ficava com um sono (fico até hoje, vocês sabem), querendo que meus pais fossem pra casa mas eles não iam nunca. E a madrugada dos boêmios não solitários recebia o sol com alegria. Íamos pra casa (esta é a pior parte. Pais boêmios não podem dirigir como meu pai dirige. Têm que pegar um táxi como eu e Marcelo fazemos) e, poucas horas depois, já estavam as crianças há pouco enervadas (não ficávamos entediados pois tínhamos muitos primos filhos de boêmios com quem nos divertir) pulando na cama dos pais.

Parênteses. Minha mãe sempre acordou tampando a boca com o lençol. Acho que se ela usasse maquiagem ia querer levantar pintada, como personagens de novela.

E o dia seguia, às vezes com mais boemia.

E nessas madrugadas da vida, não conheci pessoalmente muitos famosos, mas os conheci por melodias, poemas e letras de música. Também aprendi que a convivência entre pessoas de gerações diferentes é uma delícia. E que o pai que faz para os filhos declaração de amor quando está bêbado merece todo o perdão e respeito.

Às vezes tenho remorso por levar o Antônio aos bares. Depois, penso como fui feliz frequentando-os e como ainda sou. Afinal, quem pode se dar ao luxo de, aos três anos incompletos, chegar no botequim, ser atendido prontamente por um garçon bigodudo que já conhece seu prato preferido e, ao passar em frente à mesa cativa gritar "Bigode, meu amigo!". O Antônio pode e espero que um dia me perdoe. Perdão, meu filho! Saúde!

Beijos,
Lili