Sempre admirei os poetas. Comecei a conviver com alguns deles quando entrei na faculdade de jornalismo. Ah, os poetas... nunca entendi como conseguem transformar o cotidiano em poesia, a poesia em vida. Vivem a poesia como se, fora dela, nada mais tivesse importância. Eu tenho uma amiga poeta, quer dizer, poetisa. Ela mora num prédio ao lado de minha casa. Quando preciso de lirismo vou à janela e inspiro o ar que a poetisa expirou. Vejam o nome e concluam: Olívia Bandeira de Mello. É ou não nome de poeta? A poesia começa no nome, não acham? Assim que a vi, pensei, invejosamente: é uma poeta. O olhar emite poesia, o corpo miúdo e perfeito exala poesia, a boca fala poesia. É poeta, sim, é poeta. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que ela é uma poeta enrustida. Explico: Olívia Bandeira de Mello é poeta mas não mostra sua poesia. Esconde. Nós, os amigos mais próximos, tivemos poucas oportunidades de ler ou ouvir a poesia da Olívia. É um mistério. Sentimos e vemos, mas não lemos a poesia de Olívia. Faço aqui um apelo: Olívia, mostre-nos seus textos. Precisamos da poesia da Olívia. Enquanto ela não publica, para os amigos, sua poesia, contento-me em pescar versos na internet. Nesse caso, os de um outro grande poeta da língua portuguesa: Fernando Pessoa.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
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