Ele tem três anos e uma sensibilidade que comove. No meio de um desentendimento familiar, se agarrou ao meu colo e disse: estou muito feliz de estar aqui com vocês. Meu olho encheu de lágrimas.
Na estrada para Friburgo, suas mãozinhas foram me fazendo cafuné. Ele adora acarinhar cabelos e se farta com as minhas ondas pretas compridas. Tem coisa melhor que carinho de criança, o mais espontâneo possível?
No rádio do carro, tocava o disco de criança que ele levou. A casa de brinquedos tem uma faixa cantada por Chico Buarque, de quem ele já reconhece a voz:
_ Você sabe quem está cantando, Antônio?
_ Chico Buarque. Mas por que ele tá cantando no CD para quianças?
No caminho do sítio, se divertia ao ver as marias-sem-vergonha, as que o titio Pedro ensinou que são chamadas assim porque dão em qualquer lugar. Achou muito engraçado quando em outro CD, ouviu o Chico falando da flor que acabara de conhecer:
Amor Barato
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Modesto
Um tipo de amor
Que é de mendigar cafuné
Que é pobre e às vezes nem é
Honesto
Pechincha de amor
Mas que eu faço tanta questão
Que se tiver precisão
Eu furto
Vem cá, meu amor
Agüenta o teu cantador
Me esquenta porque o cobertor é curto
Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha
Eu queria ser
Um tipo de compositor
Capaz de cantar nosso amor
Barato
Um tipo de amor
Que é de esfarrapar e cerzir
Que é de comer e cuspir
No prato
Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha
Que enfim, nosso amor
Também pode ter seu valor
Também é um tipo de flor
Que nem outro tipo de flor
Dum tipo que tem
Que não deve nada a ninguém
Que dá mais que maria-sem-vergonha
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