Lameblogadas

quinta-feira, fevereiro 22, 2007


Tudo começou num baile do Rancho Flor de Sereno, na Fundição Progresso, pouco antes da apresentação do concurso de marchinhas. Engoli um confete, dancei com os braços pra cima, como se tivesse no meu primeiro carnaval. Este ano, aprendi na prática o sentido da frase "vou brincar o carnaval". Como estaria de plantão, curti tudo que estava ao alcance, e veio antes do domingo, às 19h, quando entraria no bloco da Irineu Marinho, 35, segundo andar.
Pela primeira vez, fui ao Saara, voltei mais duas vezes e saí de lá cheia de purpurinas, estrelinhas, arcos, fantasias, glitter, maquiagem, máscara. No primeiro bloco, o Gigantes da Lira, a alegria de brincar com o Antônio, de encontrar casais queridos, com suas crias fantasiadas, terminar a noite com amigos no Picote, delicioso bar da Marquês de Abrantes, descansar para, no dia seguinte, sair fantasiada rumo ao baile da Fundição que escolheria a marchinha campeã e ver meu amor no palco, defendendo, sob vaias dos descontentes com a desclassificação das favoritas do público (Tapa na Pantera e Falso Arlequim), Velho Palhaço, marcha-rancho linda, ao lado do autor.
Entre um dia de trabalho e outro, curtir o baile do Trapiche Gamboa, com o amor e Alfredo, acompanhados da banda do Sassaricando, vem se tornando uma das melhores opções do carnaval. O Trapiche é aquela beleza de casa de samba na Gamboa, berço dele, comandado pela simpática Claudinha, com garçons ótimos, comidinha e decoração idem. O repertório que mistura sambas e marchinhas, temperado com os confetes e serpentinas que caem do alto, faz o público delirar. Eu de Gatinha dos anos 50, todo mundo fantasiado, uma coisa linda. Ninguém me reconhecia, de peruca e óculos escuros, e tive uma sensação muito boa de ficar incógnita, e ri muito dos que estranharam ver Pepê em "outra companhia".
Teve também a minha primeira vez no Cordão DA Bola Preta. O bloco começa e a gente se faz a pergunta: o que estamos fazendo aqui? Não volto mais. Daqui a pouco, o bloco passa, a gente canta samba-enredo, marchinha e o hino do bloco. Lugar quente é mesmo no Bola Preta!
Dia seguinte, o ritual de acordar cedo, tomar café junto e rumar para o Boitatá. Um sol de rachar, a fantasia de índia quase derretendo, os amigos, Antônio, as crianças e o Cordão do Boitatá, que realmente é uma das alegrias de nosso tempo (pra que ter saudade de outros tempos, se temos o Rancho e o Boitatá, entre outras maravilhas do carnaval de rua do século XXI?).
Minha folia propriamente dita acabou aí. Mas o carnaval ainda teve andar de bicicleta todos os dias pela Lagoa e pela orla, mergulho em Ipanema em meio à gente fantasiada para a Banda, água de coco no Arpoador, jantar no Espírito Santa, em Santa Teresa, almoço delicioso no surpreendente, po muito bom, rodízio japa da Marquês de Abrantes, beijos, abraços, confetes, serpentinas, trabalho chato, mas fechando o caderno de carnaval, amor, paz, muitos cogumelos, queijos e vinhos em casa e a certeza: ano que vem vou brincar muito mais!!!
Notas:
1) Mais uma vez perdi o "Se melhorar, afunda", um dos melhores blocos deste carnaval. Na terça, depois de atravessar a Baía em três barcas (tá crescendo, como todos os outros bons) eles fizeram um bailão entre os pilotis do prédio do MEC e, o melhor, debaixo de sombra! Já dizem que o melhor bloco do Rio vem de Niterói... Hehehehe


2) A Beija-Flor foi campeã de novo. Desta vez, até diminuiu minha resistência à escola, que, afinal de contas, é afilhada da minha Portela. A Beija-Flor tem samba no chão, comunidade forte e é uma empresa que leva a sério o carnaval. Tem uma comissão séria, componentes apaixonados e mereceu ganhar. Estava linda!

3) A minha Portela fez um desfile emocionante, com a presença dos baluartes e do querido Paulinho da Viola (a quem ouço enquanto escrevo este post). Que ela melhore a colocação ano que vem. Se for para o Desfile das Campeãs, pelo menos, estarei no sábado seguinte na Sapucaí.

4) O Império caiu. Essa foi a nota triste. Samba, infelizmente, não ganha mais carnaval. Como bem lembrado outro dia, os campeõs do carnaval de outrora eram os autores do samba. Hoje, são os carnavalescos. Ou as escolas, como a tradicional Serrinha, se adaptam aos novos tempos ou serão relegadas a brincar o carnaval fora do grande espetáculo que é hoje o grupo especial. Para os torcedores, um consolo: pode ser bem mais divertido. O sentido da frase "brincar o carnaval" na Sapucaí passa pelos desfiles técnicos e os de sábado e terça-feira.

5) Este foi o melhor carnaval da minha vida!

4 Comments:

  • Só há uam saída, Claudinha. Sair da Liga. A Portela deveria fazer o mesmo...

    By Anonymous Anônimo, at 1:13 PM  

  • Moutinho, o problema disso é convencer os presidentes das escolas - que não parecem nem um pouco preocupados com o samba. Não sei como é no Império, mas na Portela acho muito difícil. Quando houve esse tipo de ruptura, quem liderou? Gente como Candeia. Hoje, nem os baluartes estão muito a fim de comprar brigas. Não sei, mas isso pode ser o início de uma boa discussão sim!
    E viva o carnaval de rua!

    By Blogger Cláudia Lamego, at 3:36 PM  

  • Vivas! Este tb foi o meu melhor, mesmo com caída do Império! :-) Ano que vem me chama quando for ao Saara! ;-)

    By Blogger Neguinha Suburbana, at 8:01 PM  

  • Foi mesmo. São Pedro foi bem generoso. Os dias estavam lindos, uma energia ótima.

    Vamos!! Já estou com saudade do Saara... Será que vale a pena ir lá atrás de uma promoçãozinha para o próximo carnaval??? :-)

    By Blogger Cláudia Lamego, at 11:28 AM  

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