E a história se repetiu...
30 de agosto de 2002. Escalada para cobrir o showmício de Zezé di Camargo e Luciano para o candidato do PT à presidência, voltei de Bangu impressionada com a emoção dos militantes do partido. Lula tinha chances reais, pela primeira vez, de ganhar a eleição, depois de três derrotas consecutivas. Quando subiu ao palco, vários choravam. A platéia, alheia à História, queria era se divertir com o show da dupla sertaneja. Post da época:
Bangu, showmício do Lula. No palco, Zezé di Camargo e Luciano pedia (no singular porque só um dos dois falava, mas não se escreve o nome de um sem o outro) votos para Lula;
"Quem aqui vai votar pela primeira vez? Aproveitem então para votar nesse homem, ele tem condições de mudar o Brasil. Nunca votei no Lula, mas agora estou aqui como artista pedindo voto para ele porque acredito que nós, formadores de opinião (meu Deus!!), temos a obrigação de conscientizar o povo. Sei que vocês estão aqui para se divertir, mas não me sinto nem um pouco constrangido em falar de política durante o nosso show..."
Reação da platéia: "lindo, tesão, bonito e gostosão"
Corte para 2004
Domingo, 29 de agosto. Bangu, showmício do Zezé di Camargo e Luciano para o candidato do PT à prefeitura. Ao contrário de 2002, dois anos depois a produção da dupla não deixa a imprensa chegar perto deles. Depois das denúncias sobre a compra de ingressos pelo Banco do Brasil para um dos shows gratuitos que os sertanejos fizeram em Brasília - a renda seria destinada à aquisição da sede do PT em São Paulo -, eles não falam mais com jornalistas. Não querem se explicar sobre o paralelo pedido de patrocínio ao BB para shows dele. Seguranças truculentos impedem até a entrada de assessores do PT ao camarim.
O clima era bem diferente do de 2002. Candidatos a vereador, bem numerosos, levaram a família para curtir a festa. Uma candidata do PT me pediu, gritando, que eu conseguisse um autógrafo da dupla para ela. O PT no governo mudou completamente o perfil dos militantes. Entre os poucos 'autênticos', muitos pagos.
Jorge Bittar chega, não anima ninguém. Vai para o palanque, bandeiras agitadas pela nova militância. O público, separado da militância por uma grade de proteção, estava impaciente. Uma menina de 10 anos, ao meu lado, perguntava: "vai demorar muito para isso acabar?"
"Isso" era o interminável discurso dos candidatos. Mas o público finalmente se agita. A senha para a animação foi a última fala do Bittar: "Já falei demais".
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