Lameblogadas

quinta-feira, janeiro 13, 2005



A crise dos 30 não passa, só me faz chorar. Basta um Chico bem bonito para as lágrimas descerem, às vezes sem motivo aparente...

Mar e lua (Chico Buarque)

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar



Uma música para celebrar o reencontro de hoje à noite, no bar da Elvira. Que Paulinho, Chico, Glauber, Nelson, Ana Cristina, Caio, Murilo e todos os poetas que reverenciamos e que inspiraram o nascimento de nosso ideal estejam lá conosco para reavivar a chama do Caroço, um grande amor.

Samba do amor

Quanto me andei
Talvez pra encontrar
Pedaços de mim pelo mundo
Que dura ilusão
Só me desencontrei
Sem me achar
Aí eu voltei
Voltar quase sempre é partir
Para um outro lugar

O meu olhar se turvou
E a vida foi crescendo
E se tornando maior
Todo o seu desencanto
Ah, todos os meus gestos de amor
Foram tragados no mar
Ou talvez se perderam
Num tempo qualquer
Mas há sempre um amanhecer
E o novo dia chegou
E eu vim me buscar
Quem sabe em você


(Paulinho da Viola – Elton Medeiros – Hermínio Bello de Carvalho)