Lameblogadas

sexta-feira, dezembro 26, 2003



Os livros de futebol de Nelson Rodrigues eram os únicos do meu escritor maior que jamais cogitei ter em minha estante. Embora os soubesse geniais (já tinha lido algumas crônicas) não me interessava nem um pouco pelo tema...
Mas a convivência com um certo menino apaixonado por futebol me fez repensar essa posição radical. Bem, não cheguei a comprá-los... Eles vieram diretamente da Rua Jardim Botânico para Icaraí neste Natal...



No Natal, o Pepê Noel me fez uma linda surpresa em verde e rosa: me deu de presente os quatro CD's gravados por Cartola, em embrulho com as cores da Estação Primeira e tudo.
Ele foi um dos primeiros sambistas por quem caí de amores assim que comecei a conhecer sua obra. A paixão ficou forte quando fui trabalhar como assessora de imprensa na Mangueira, um ano depois do enredo sobre Chico Buarque.
Na mesma época, conheci o CD Só Cartola, na casa de minha amiga Olívia, que tinha assistido ao show e se apaixonado também. Esse disco e uma coletânea depois e ele entrou na minha lista de preferidos.
Lista que só fez crescer, desde que entrei de vez no "mundo do samba". Mas ele continua lá no topo, dividindo o espaço com Noel, Monarco e outros queridos sambistas. Viva Cartola!



Autor de sambas-enredo que marcaram meus carnavais, Tiãozinho da Mocidade foi um dos meus entrevistados da terça. Eu não sabia quem ele era, a matéria era sobre um movimento de artistas para reabrir o Cine Matilde, um cinema luxuoso, com 1600 lugares, em Bangu. Estava com vergonha de perguntar, mas depois que o fiz, cantarolei uns bons sambas com ele. "Sou compositor da Velha Guarda. Os sambas assim assim são meus". Nada mais nada menos que um dos meus prediletos na Mocidade, de 1985 (eu tinha dez anos e já sabia sambar!!!), dos tempos em que assistia aos desfiles e mamãe comprava os LP's de samba-enredo...

ZIRIGUIDUM 2001, CARNAVAL NAS ESTRELAS

Autores- Gibi, Arsênio e Tiãozinho
Intérprete Oficial- Ney Vianna


Desse mundo louco
De tudo um pouco
Eu vou levar pra 2001
Avançar no tempo
E nas estrelas fazer meu Ziriguidum
(meu Ziriguidum)
Nos meus devaneios
Quero viajar

Sou a Mocidade
Sou Independente
Vou a qualquer lugar

Vou à Lua, vou ao Sol
Vai a nave ao som do samba
Caminhando pelo tempo
Em busca de outros bambas

Quero ver no céu minha estrela brilhar
Escrever meus versos à luz do luar
Vou fazer todo o universo sambar!
Até os astros irradiam mais fulgor
A própria vida de alegria se enfeitou
Está em festa o espaço sideral
Vibra o universo hoje é carnaval

Quero ser a pioneira
A erguer minha bandeira
E plantar minha raiz

Noviça rebelde



Terça-feira, 23 de dezembro. A primeira reportagem do dia era numa rampa de vôo livre em Paciência, entre o cemitério Jardim da Saudade e a Fazenda Rural. O lugar é lindo, como muitos que tenho conhecido na Zona Oeste. Estava tão feliz andando pelo mato que a Simone Marinho resolveu fotografar...

Zoom



Fiquei que nem criança quando vi as dormideiras. Entre uma anotação e outra no bloquinho, eu abaixava para fazê-las dormir, sempre cantarolando: "dorme dorme dormideira/pra acordar segunda-feira..." Fazia tanto isso na infância, na fazenda em Cordeiro... Quanta saudade!

quarta-feira, dezembro 24, 2003

Tenho muitas lembranças de Natais na casa dos meus avós, em São Gonçalo. Na rua em que eles moravam, outras cinco casas pertenciam a tios meus. Por isso, reunir a família em torno da casa de vovó Irene era tarefa fácil. Uma festa.
Antes de ir para lá, em casa a rotina se repetia a cada ano: eu chorava de saudade do meu avô Caio, que tinha partido quando eu tinha apenas cinco anos, mas que me fazia falta ainda assim; mamãe preparava o peru e a salada de bacalhau para levar e papai tratava de colocar os presentes em nossas camas depois que eu e Caio já estávamos no carro.
Ao chegar na casa de vovó, a cena era a mesma: família em torno da TV, vendo o especial do Roberto Carlos. Ainda me lembro do ano em que ele lançou a música das Baleias, de Cama e Mesa e outros hits. Mamãe tinha todos os LP’s do Rei.
Ah, teve o Natal do Balão Mágico. “Superfantástico, no Balão Mágico, o mundo fica bem mais divertido.” Quando o LP acabava, vinha invariavelmente o pedido: “tia, coloca outra vez”. Antes da meia-noite, todos se reuniam em volta da mesa para saudar o Natal e agradecer por todos, numa família de 10 irmãos e mais de 20 primos, estarem juntos e vivos naquele momento. Nas orações, o fato de não termos perdido um ente querido era sempre exaltado. “Nossa família tem que agradecer por isso. Somos privilegiados”.
A certa altura, eu ficava ansiosa e queria logo ir embora. Papai Noel tinha deixado o meu presente e eu precisava conhecer a surpresa. Dia seguinte, no almoço de Natal, os primos chegavam com os novos brinquedos. Eu sempre carregava uma boneca nova ou miniaturas de eletrodomésticos (fogãozinho, máquina de costura, cozinhas completas). Meu irmão ganhava carros e jogos, com os quais eu passaria o ano seguinte querendo brincar...
Quando cresci, e parei de ganhar brinquedos, minha diversão no Natal era tomar vinho com meu pai. Começávamos cedo, ainda na vila, antes de ir para casa de vovó. Jaqueline e Juliana, minhas melhores amigas, também nos acompanhavam. Teve um ano em que a Jaque se vestiu de Papai Noel para as crianças da vila. Ho ho ho pra lá ho ho ho pra cá e as crianças não ficaram muito convencidas com aquele Papai Noel de pés delicados, tonto e de fala arrastada. Estava bêbada.
Este é o terceiro ano que a família não se reúne mais na casa de vovó. Desde que vovô Alcebíades partiu, em abril de 2000, a família não comemora mais o Natal junta. Agora é cada um na sua casa. Os tios ainda moram na mesma rua, mas agora também já viraram avós. Meus primos, quase todos, estão casados e com filhos.
Desde então, a ceia passou a ser no apartamento dos meus pais. Ela reúne meu irmão, sua mulher e meu sobrinho, João Gabriel. A chegada dele fez, finalmente, a minha mãe comprar a primeira árvore de Natal da minha casa. A história agora é outra, mas de alguma forma se repete: mamãe passa o dia na cozinha preparando o peru e a salada de bacalhau, eu ajudo na arrumação da mesa, onde nunca faltam as nozes, os coquinhos, as passas, as frutas, as castanhas e a rabanada; choro de saudade dos meus dois avôs que partiram e meu irmão chega para alegrar a festa com o filho. Meu pai parou de tomar vinho. A diversão dele agora é brincar com o neto.

segunda-feira, dezembro 22, 2003



O piquenique no Jardim Botânico

Teve jogo de peteca, muitos mosquitos, gente barrada no portão, comida farta, Ana Maselli e a estréia da minha famosa cesta. Aliás, ela foi um sucesso!

Dizem que foi marmelada, afinal o sorteio foi feito pela internet, mas eu tirei o Pedro e o Mario tirou a Valéria. Meu presente não foi dado em mãos, o Gustavo teve que sair mais cedo, mas deixou um bilhetinho bem simpático com a minha descrição. Segundo ele, sou uma jornalista bem-sucedida (eu não acho!!!), fiz estágio no Globo e gosto de samba. He he he. Meu presente: o perfil do Monarco.

Palmas para:

_ a Simone, que além das coisas práticas, como talheres e pratinhos, levou quitutes gostosos;
_ a Dudinha, que não tropeçou no saltinho fino, usado para ir ao teatro e depois a mais um amigo-oculto;
_ o Pedro, da Dudinha, que faz a minha amiga feliz e é simpático. até o defeito de torcer pelo time do urubu é compensado porque, afinal, foi num jogo do Flamengo, no Maracanã, que os dois se conheceram;
_ o Daniel, que levou um delicioso pão com pedaços de calabresa e se corresponde com o Ricardo por cartas;
_ a Dani, que fez questão de ser descrita pelo seu amigo-oculto, que não pôde participar, já que foi barrado na porta por ter chegado atrasado;
_ o Mario, que descreveu a Valéria como uma amiga-oculta "bonita de coração e de rosto" e esteve impagável (como sempre) em sua representação;
_ o Gustavo, que deixou um bilhetinho lindo pra mim;
_ a Aninha, que mesmo na correria da visita ao Brasil, arrumou um tempinho para ver os amigos no JB;
_ a Renatinha, que também foi prestigiar o encontro e levou seu portfólio, com as lindas fotos do casamento da Aninha;
_ o Chimento, que não perdeu o humor mesmo sem ter conseguido entrar;
_ a Valéria, que descreveu a Isabel como a Audrey Hepburn brasileira;
_ o Marcos, que se virou com um carrinho de compras mesmo ao ter seu isopor barrado na entrada do parque;
_ a Isabel, que adorou a minha cesta de piquenique;
_ o Marcelo, que tirou o meu doce de leite;
_ o Ricardo, que interrompeu o fechamento da Folha de São Paulo para participar do nosso amigo-oculto;
_ o Pedro Paulo, que é o meu amor e isso basta para ser aplaudido.

Tá faltando alguém???



A porta-bandeira

Olha eu aí, feliz da vida, cantando o hino portelense, de um dos compositores preferidos do Pedro, Chico Santana:

Portela suas cores tem
Na bandeira do Brasil
E no céu também
Avante portelense para a vitória
Não vê que o teu passado é cheio de glória
Eu sinto saudade
Desperta oh! grande mocidade
As suas cores são lindas
Seus valores não têm fim
Portela querida
És tudo na vida pra mim


Nota: uma amiga da Paulinha, ao ver minha foto, perguntou se ela era amiga da porta-bandeira portelense!! Quem me dera...



Até mestre Monarco estranhou.
_ Cadê o seu namorado? Por que ele não veio? Olinda, essa aqui é a namorada daquele meu amigo assim assim (não ouvi direito, mas ele deve ter falado: aquele que vive me entrevistando, que me deu o gravador, que tem todos os meus discos, que adora a Portela, etc.)

E o CD que tinha saído da embalagem na sexta-feira, foi comprado de novo. Desta vez, com direito a autógrafo do "amigo Monarco".
A ausência teve um motivo muito especial, explicado lá no Mascavinhas (ainda não aprendi a pôr link!!)



Paulinha e Moutinho, Chris e Paulo Neves.

Ah, eu sou a Claudinha, namorada do Pepê, e tenho blog. É assim que a Paulinha me apresenta pros amigos. Foi assim no sábado, quando conheci as irmãs Andréa e Rosana, abaixo na foto comigo e com o casal blogueiro.








Pelo sorriso na foto com seu Jair do Cavaquinho, vocês podem imaginar o tamanho da minha felicidade no Candongueiro, sábado. O amor pela Portela, a qualidade da roda comandada pelo mestre Monarco e a presença de pessoas queridas (Marcelo e Paulinha; Chris e Paulo Neves) fizeram da noite uma das melhores do ano.

domingo, dezembro 21, 2003



Crise de identidade

Sempre acontece comigo. Ontem, em dois lugares diferentes, me falaram que eu parecia com outras mulheres.
"Você é a cara da Lúcia Veríssimo, já te disseram isso?", perguntou o pai do Natan, repórter que cedeu seu recanto em Maria da Graça para nosso churrasco de fim de ano.
No Candongueiro (mais informações sobre a noite de ontem com a Velha Guarda da Portela quando as fotos da Paulinha chegarem), o rapaz que vendia tíquetes de bebidas estava inquieto. Até que resolveu falar:
"Você conhece aquela cantora, a Alanis Morrisete? Você se parece tanto com ela..."



FAGULHAS

Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria rir, chorar,
ou pelo menos sorrir
com a mesma leveza com que
os ares me beijavam.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça,
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando.
Eu queria até mesmo
sabe ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.

Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio.
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las.
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.

Pena não ter foto digital dele para postar aqui. Meu sobrinho é muito parecido comigo, até no jeito de se aconchegar pra dormir - com as mãozinhas embaixo das pernas, todo encolhidinho. Aliás, quando passa o dia na minha casa, minha cama fica com o cheirinho dele. É bom...
João Gabriel está cheio de novas gracinhas: conta até dez sozinho, senta no colo para ouvir estorinhas, chora ao ver cenas emocionantes nos desenhos e filminhos, me chama de Cláudia e ri - porque sabe que eu só gosto que me chame de titia, é cheio de métodos na hora de arrumar os brinquedos, presta atenção nas nossas conversas e pergunta por Pepê quando eu chego em casa sozinha.
De tudo isso, o melhor é a sua alegria. Brinca sorrindo, sempre com um olharzinho doce (o olhar da titia) e é super carinhoso. Que delícia de sobrinho!!