Lameblogadas

sexta-feira, novembro 03, 2006



A última pernoite na garagem...

Ele ficou dois dias na garagem até que eu tivesse coragem de enfrentar o trânsito sozinha. Um dia, resolvi ir à biblioteca do campus do Gragoatá, da UFF, o estacionamento era grande, não ia correr riscos. Dois dias depois, enfrentei o medo de parar o carro na rua. Fui para a aula motorizada. Na saída, cadê ele??? Roubado? Não, rebocado! Eu não sabia que não podia parar na linha amarela (comprei a carteira, nos idos de 1994 e já estávamos na era 2000). Escondido do pai e da mãe, paguei a multa e o pernoite no depósito. Fui pra casa e tentei entrar na vaga da garagem de frente. Engasgou. Chama o vizinho. Puxa daqui, dali, freia, acelera. Desengasga. Mas a porta arranha. Meses depois, meu irmão descobre o descascado na parede, olha a porta arranhada e mata a charada! Eu tinha batido pela primeira vez. Tudo numa mesma semana. Pouco tempo depois, outro quase acidente. Discussão no celular, raiva, destempero, o carro perde a direção e sobe na calçada. A briga acaba, vamos para a oficina.

Perdi o medo de ir para a faculdade com ele, mas o flanelinha já sabia que vaga em frente ao Iacs não servia. Demorava a encaixá-lo, os amigos não poderiam ver meu desespero. Um dia, uma festa. O carro enguiça na curva da pedra de Itapuca, no meio da praia!! Chama o seguro, não tem mais. Chama papai, que demora a vir. Quando chega, o mal contato já estava resolvido. Festa. Paro em frente à faculdade, na única vaga. Toco o carro da frente, que dispara o alarme. Mas o barulho da festa abafa o caso.

Primeira saída com os amigos da comunicação. Desafio: vou "fazer ladeira" (o terror da auto-escola) em Santa Teresa. Suor. Largo das Neves, vaga na ladeira, carro estacionado, desafio vencido.

Um dia, o susto: na descida da garagem, ele perde o freio, sai arrancando o portão e se arrasta até o fim da rua, quase sem controle. Só deu tempo de virar o volante. Ninguém no caminho. Quando o carro parou, eu comecei a chorar. Fiquei estatelada até chegar um vizinho e me "socorrer". Ele sabia andar com o carro sem freio (meninos sabem mais de carros que meninas, é fato!) e trouxe meu bólido de volta para a garagem. Trânsito que segue.

Sozinha no volante, desafio constante. A primeira viagem. Ele foi a Búzios, a São Pedro da Serra e foi parar em Minas. Lá, cismou de abrir o capô sem eu querer. Poeira, ventania, suja tudo. Conserta. Defeito de novo. Pedras, barro, chuva. O primeiro temporal na Ponte apavora. Ele segue intacto, meu companheiro. É parado duas vezes em duas blitzes. Os policiais deixam passar. Seguimos viagem. Mas o pivete que me aborda na Visconde do Rio Branco não. Ele quer dinheiro, força o vidro elétrico, que fica com defeito, e leva a grana.

Ele me acompanha durante anos. Absorve minhas lágrimas, guarda meus segredos, testemunha os momentos bons e ruins. Uma vez parado na Atlântica, há três anos, seis meses e seis dias, serviu de pretexto para um certo primeiro beijo. Um dia, se esquentou com a tristeza da separação e enguiçou na Ponte. Logo ele, que foi cupido, não queria que acabasse assim. Refeito, testemunhou a reconciliação.

Ele me levou onde eu quis ir. Nunca me deixou verdadeiramente a pé. Envelheceu, ficou caro e agora vai ter que ir embora. Vou sentir saudade do meu primeiro carro, do meu Fiat Uno querido _ mesmo quando estiver a bordo do Gol que chega, com ar-condicionado e direção hidráulica.

terça-feira, outubro 31, 2006



Estou assim hoje

Cantando um dos meus mantras, na voz da "santa" Clara com a "tia" Clementina

Embala eu embala eu ... menininha do Gantois
Embala pra lá embala pra cá ... menininha do Gantois
Embala eu embala eu ... menininha do Gantois
Embala pra lá embala pra cá ... menininha do Gantois

Dai-me a sua bênção ... menininha do Gantois
Livrai-me dos inimigos ... menininha do Gantois
Dai-me a sua proteção ... menininha do Gantois
Guiai-me nos meus passos e por onde eu caminhar,
tire os olhos grandes de cima de mim pras ondas do mar

Embala eu embala eu ... menininha do Gantois
Embala pra lá, embala pra cá ... menininha do Gantois