Lameblogadas

quinta-feira, dezembro 04, 2003



Já escolhi meu presente de amigo oculto. O livro do Monarco, da coleção Perfis do Rio, que está sendo lançado hoje.
Por falar nele, é sempre uma felicidade poder assistir à apresentação da Velha Guarda da minha escola. Anteontem, me juntei aos malucos da comissão de frente da Central do Brasil, e fui ver Monarco e cia. bem de pertinho. Como disse o líder da Velha Guarda Portelense, o samba tinha que ser comemorado ali: onde o povo está.
Foi lindo ver aquela mistura de gentes tão diferentes no figurino, na cor e na classe embevecidas pelo som do nosso glorioso samba. Pena não ter tido pique para seguir mais uma vez no Trem.
A boa surpresa do dia foi assistir à palinha da Velha Guarda do Império. Eu nunca vi uma apresentação da verde e branco de Madureira e fiquei muito impressionada com a presença deles no palco da Central. Acho que está na hora de conhecer melhor a escola de Silas de Oliveira.

Fotos na casa da Vovó Gylce








terça-feira, dezembro 02, 2003

Outro dia, dois artigos importantes foram publicados no Globo, na mesma página. Os dois tratavam do mesmo assunto, os descaminhos do governo Lula. Um era do Veríssimo e, a propósito das novas ações do PT no Planalto, acho que não é tarde para reproduzi-lo aqui:



Passar por louco

As velhas frases não perdem a utilidade. "Façam o que eu mando, não o que eu faço" é o que os Estados Unidos, o país mais endividado do mundo, não param de dizer aos outros quando recomendam austeridade fiscal, ou quando pregam o comércio livre universal enquanto subsidiam sua agricultura e protegem sua indústria. Outra frase pronta, "se fazer de louco para passar bem", se adapta ao governo Lula e pode mesmo ser a justificativa histórica do PT, quando for prestar conta das suas incoerências no poder.

Como não há mais dúvidas de que este é um governo esquizofrênico, resta saber até que ponto é uma esquizofrenia pensada, estratégica, talvez até ensaiada, e no fim compreensível. Ou até que ponto é um governo que se faz de louco para ser viável. Quem acreditou que Lula e o PT no governo fariam diferente se apega à esperança de que haja uma coerência mestre por trás da aparente confusão. Que a equipe econômica não esteja dedicada a avalizar a defesa do Pensamento Único segundo a qual ele era único porque não existia outro e sim a uma mudança gradual do modelo para não assustar ninguém. Que até desastres de RP como a ameaça de punir dissidentes, os velhinhos do Berzoini na fila para se recadastrarem e o corte de verba para deficientes tenham uma lógica secreta. Que o mais importante, ao entrar em território dominado pelo inimigo e antes de garantir posições, seja mesmo a camuflagem. Que o verdadeiro governo Lula começa no ano que vem. Ou até que a decepção interna seja só uma concessão para disfarçar a grande diferença deste governo, que é a nova postura internacional do Brasil.

O perigo é que aconteça o que aconteceu com aquele cara que teve tanto sucesso se fazendo de louco para passar bem que acabou internado, e ficou o resto da vida tentando convencer os médicos que sua esquizofrenia era fingida e insistindo que não estava apenas se fazendo de normal para sair do asilo. Pois vale tanto para os loucos como para os sãos: a gente não é o que diz que é ou pretende ser, a gente é o que faz. Ou deixa de fazer.

Nota triste

Saiu na coluna do Ancelmo uma das notícias que contribuem para a minha decepção com o governo Lula aumentar a cada dia.

Gaviões do PT

O pessoal do Ministério da Cultura chamou uma leva grande de artistas para acompanhar Lula nesta ida às Arábias. Gente como o pessoal do Jongo da Serrinha.

Mas a turma, que até vacina já tinha tomado, teve de ser desconvidada pela Funarte. É que outra lista foi feita pelo ministro Furlan, com artistas paulistas.

No lugar da Velha Guarda da Portela, por exemplo, desconvidada, nosso samba será representado pelos Gaviões da Fiel. O ministro Gil ficou bem chateado.

Se me perguntarem o tipo de música que mais gosto, a resposta é essa:



E esse amor só tem rendido bons frutos na minha vida. Além da alegria fora do comum que toma a alma e o corpo, quando estou dançando ou ouvindo samba, ele fez entrar na minha vida pessoas muito especiais. Por causa dele, conheci o Pedro, amor que dispensa comentários, e amigos muito especiais, inclusive a dona do logo aí em cima, a Paulinha. Ela conseguiu reunir em seu blog os amantes do gênero, que tinham até então a como maior referência. Nem vou citar nomes, são muitos, mas queria agradecer às pessoas que fazem do samba sua alegria de viver. Minha vida fica melhor por causa delas.
Em homenagem ao Dia Nacional do Samba, e a outro amigo que conheci por causa dele, aí vai uma de suas músicas preferidas:

"O samba é meu dom"

Wilson das Neves / P.C. Pinheiro

"O samba é meu dom
Aprendi bater samba
Ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo
De roda na palma da mão
De breque, de partido-alto
E o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba
Vendo o samba de pé no chão
No Império Serrano,
a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar,
gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba
com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha
Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô,
Donga, Ciro e João (Gilberto)
O samba é meu dom
Aprendi muito samba com
quem sempre fez samba bom
Silas, Zinco, Aniceto, Anescar,
Cachinê, Jaguarão
Zé-com-fome, Herivelto,
Marçal, Mirabeau, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo,
do samba é que eu ganho o meu pão
E é num samba que eu quero morrer
de baquetas na mão
Pois quem é do samba
Meu nome não esquece mais, não."

segunda-feira, dezembro 01, 2003



Hoje tem pré-estréia de "Glauber o filme, labirinto do Brasil", do Silvio Tendler, no Espaço Leblon de Cinema. Depois da sessão, haverá um debate com a participação da filha, Paloma Rocha, e de Cacá Diegues. Bom programa.



Em sua longa carreira de coadjuvante, Ednei Giovenazzi fez 32 novelas. Mesmo vendo a lista, não consigo me lembrar de nenhum personagem. Numa das novelas que participou, Direito de Amar, o comedor de omeletes contracenou com ninguém mais nem menos que Narjara Turetta, o ícone da geração lado B da televisão brasileira!!!



O tempo não pára

Tudo começou quando encontramos Orlando Drummond durante nossas bucólicas férias em Caxambu. Quem não ligou o nome à pessoa, é o Seu Peru da Escolinha do Professor Raimundo. Desde então, eu e o Pedro desenvolvemos um faro muito especial para cruzar com artistas em geral e personalidades do lado B em particular.
Sexta-feira, estávamos no nosso jantarzinho de casais em Copabacana, depois do show da Miúcha na Modern Sound. Na hora em que conversávamos sobre os decadentes do meio cultural, entra na Cantina Donana a inesquecível Manoela D'Além Mar (de Trás-os-Montes, sim senhor!), Berta Loran. Algumas risadas e goles de vinho depois, o papo fluiu para as lembranças da década de 80. Dessa vez, aparece o grande comedor de omeletes, Ednei Giovenazi, acompanhado da elegante Jacqueline Laurence. Meu Deus!! No rádio, tocavam clássicos da década como hits da Tracy Chapman e da Tina Turner. Sem planejar, estávamos vivendo uma noite temática em Copacabana.