Lameblogadas

sexta-feira, novembro 28, 2003



Lindo o texto de hoje do Dapieve sobre a paixão pelo futebol. Sobretudo esse trecho, que responde às minhas dúvidas e me ensina a lidar com a mudança de comportamento do Pedro e de seu pai quando o assunto é Botafogo. Eu também já fiquei assim um dia.

"Torcer é se importar com coisas desimportantes — aqueles 11 marmanjos de camisa listrada em preto-e-branco correndo atrás de uma bola cinco filas de cadeiras adiante — e se lixar para coisas importantes — trabalho, estudo, casamento. Nesse sentido, todo torcedor é, na alegria e na tristeza, até que a morte o separe do seu time, uma criança. Ao se esgoelar e espernear num estádio ou diante da TV, ele não é presa de nenhuma racionalidade, de nenhuma objetividade. Enfim, o futebol rejuvenesce. Homens voltam a ser meninos. "



Estender a toalha num gramado, abrir a cesta cheia de guloseimas e se deliciar na companhia de amigos. No dia 21 de dezembro, vou participar de um piquenique com pessoas muito queridas. O pretexto para o convescote a ser realizado no Jardim Botânico é o amigo oculto da turma da Eco que eu adotei como como se minha fosse. E não é?
Para o encontro, ganhei ontem do meu amor um presente muito especial: uma cesta clássica de piquenique, o sonho de toda uma vida!!! Nela, levarei comidinhas gostosas e poesias de Murilo para dividir com todos.

quinta-feira, novembro 27, 2003



Arnaldo Jabor esteve agora há pouco aqui no Globo. Ele é uma figura polêmica. Causou logo uma pequena discussão no fumódromo. As questões que vêm à tona nessas horas são sempre as mesmas: ele escreve para a platéia, fez filme com dinheiro do governo, é megalômano, não tem um texto tão bom, prefiro a coluna do Dapieve, é muito boa sua participação no Jornal Nacional, no Manhattan Connections nem se fala.
Pois pra mim ele tem um dos melhores textos. Sou fã de sua coluna, principalmente quando o assunto é cinema, amor como revolução sexual na década de 60, Glauber Rocha, o fracasso ideológico da sua geração e a falta de um sonho para a nossa. É dele um dos mais bonitos textos sobre a estréia de Deus o diabo no cinema. Eu não tenho esse texto, mas já o li várias vezes na livraria. Ele está publicado num livro editado pela Folha de São Paulo sobre os 100 anos do cinema.
Sem falar nos filmes. Toda nudez será castigada é uma grande adaptação de Nelson Rodrigues. Dos dele, é o meu predileto. Mas gosto muito de Eu sei que vou te amar e Opinião Pública também. Ah, há pouco tempo descobri que o ator Paulo Porto, que dividiu a cena de Toda nudez com Darlene Glória, é irmão da vovó Gylce.




Eu e ele

Quando eu fiquei dodói, ele ficou assim, do meu ladinho o tempo inteiro.
Ao completar sete meses de namoro, hoje, me pergunto: como consegui passar 28 anos sem conhecê-lo?
Amamos Chico Buarque, gostamos de samba, somos jornalistas e portelenses, temos quase a mesma idade, trabalhamos no Rio e temos amigos em comum. Por que não nos encontramos antes?

P.S.: Dudinha, roubei os gatinhos do seu blog, tá?

terça-feira, novembro 25, 2003

A cântaros

Não gosto de falar de coisas tristes no blog. Mas há momentos em que elas nos invadem de tal forma que fica impossível não compartilhar com os outros.
Tem dias em que padeço de uma poesia do Manuel Bandeira. Mal que afligia meu ídolo maior na literatura, Nelson Rodrigues, e o próprio poeta. Nesses dias em que meu pulmão não funciona direito, eu deixo de existir no mundo físico e passo a morar no meu mundinho intelectual. É a hora de me embrenhar nos livros, de descobrir volumes novos na estante, de viver quase exclusivamente deles. O meu amor também me faz companhia e me fortalece.
Já não fico triste com a doença que parece não ter cura. Aprendi a conviver. Resta a perplexidade. Só a dor intensa me faz chorar. As lágrimas de outras mágoas acabam se misturando ao choro. Às vezes, ele sai suave. Tem que sair, ou o pulmão dói ainda mais. O olhar fixo no horizonte busca uma explicação: por que, aos 28 anos, tenho que conviver com a estressante rotina de exames, consultórios, remédios, injeções e anestesias?
A perspectiva de enfrentar um novo CTI me apavora. A lembrança da sala de cirurgia, onde os médicos conversam sobre futebol e a escola dos filhos, também. A esperança está no futuro. Ele demora muito a chegar. Mas eu vou sorrindo mesmo assim. Não há o que fazer se não esperar.

domingo, novembro 23, 2003

20 de novembro, dia da consciência negra



De Juliano, aos quatro anos, filho da poetisa e atriz Elisa Lucinda

"Mãe, sabe por que eu gosto de você ser negra?
Porque combina com a escuridão.
Então, quando é de noite, eu nem tenho medo,
tudo é mãe e tudo é escuridão"