Lameblogadas

quarta-feira, fevereiro 07, 2007


Meu amor em cena do "Sassaricando"; foto de Simone Marinho

terça-feira, fevereiro 06, 2007


Levante as mãos para o alto, prepare a chuva de confetes e se embale ao som da marcha-rancho. Gênero musical que produz verdadeiras epifanias em blocos, bailes e shows, a marcha emociona, faz lembrar até de carnavais que não vivemos. Não há quem passe incólume aos primeiros acordes de "Bandeira branca, amor/Não posso mais/Pela saudade/Que me invade eu peço paz". E no refrão "E as pastorinhas/Pra consolo da lua/Vão cantando na rua/Lindos versos de amor"? É de dar a mão e sair bailando...

No último show do Rancho Flor do Sereno, a orquestra que revive folias de outrora na segunda de carnaval no Bip Bip, um dos muitos momentos mágicos foi ver o povo todo entoando os versos de Chico Buarque ("Mas é carnaval/Não me diga mais quem é você/Amanhã, tudo volta ao normal/Deixe a festa acabar/Deixe o barco correr/Deixe o dia raiar/Que hoje eu sou/Da maneira que você me quer/O que você pedir/Eu lhe dou/Seja você quem for/Seja o que Deus quiser/Seja você quem for/Seja o que Deus quiser"). Teve gente que tomou confete na cerveja e guarda até hoje a lembrança daquele baile. Tem confete na minha bolsa até hoje!!!

A marcha-rancho sintetiza o delírio da festa, o salve-se quem puder, o momento do beijo, a descoberta do amor, o abraço apertado, a comunhão dos estranhos. É a horinha de descuido, de se achar a felicidade no salão, na rua, na pessoa ao lado. Este ano, além de "Velho palhaço", o concurso Nacional de Marchinhas também tem, entre as finalistas, uma composição que é metade rancho metade marcha. Na Fundição, ela incendiou os foliões, que se surpreenderam com a mudança de ritmo na segunda parte e a decretaram favorita. É o "Falso Arlequim", de Homero Ferreira, que vem colocando o povo para dançar há muito tempo, desde que compôs "Ei, você aí/Me dá um dinheiro aí/Me dá um dinheiro aí". Ele é o autor da marcha do Viagra, que ganhou o concurso ano passado. Na TV, essa marcha parecia boba, chata. Mas o velho entende das coisas. Dia seguinte ao baile e não saía da cabeça os versinhos "Tá, tá muito bom/Se ficar melhor estraga/Velho e com disposição/É o milagre do Viagra".

Então, Falso Arlequim:

FALSO ARLEQUIM *
Autores: Homero Ferreira e Didi Farag / Intérprete: Homero Ferreira

Onde andará
Nesta multidão
A colombina
Que me abandonou
Trocando o seu pierrot
Por um falso arlequim
Oh! Colombina
O meu drama não tem fim

Por isso eu vou
De bar em bar
Me embriagar
Até o sol raiar
Como essa estória
Termina sempre assim
No outro carnaval
Eu vou sair de arlequim

* Quem quiser ouvir as marchas é só acessar o site do Fantástico (http://fantastico.globo.com/). Estão lá as dez finalistas.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Em homenagem à fantasia que comprei hoje no Saara, e usarei no baile da Fundição no próximo domingo, vamos hoje de "Touradas em Madri", a marchinha que fecha um dos blocos de que mais gosto do musical Sassaricando.




Touradas em Madrid (Alberto Ribeiro e João de Barro)

Eu fui às touradas em Madri
Pa ra rá tim bum, bum, bum
Pa ra rá tim bum, bum, bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci
Pa ra rá tim bum, bum, bum
Pa ra rá tim bum, bum, bum
Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse o touro à unha
Caramba, caracoles, sou do samba
Não me amoles
Pro Brasil eu vou fugir
Que é isso é conversa mole para boi dormir

Gastronômicas

Entrou ali ao lado o link para o novo blog de Pedro Landim, amigo gourmet, que agora compartilha conosco suas deliciosas receitas. Algumas, claro, sairão de lá para os meus pratos, em casa, agora que estou na minha nova fase mulherzinha-cozinheira.

As fotos dão água na boca.




Carnavalescas

Eu tinha dez anos ainda quando fui a um baile de carnaval noturno no outrora famoso Canto do Rio, tradicional clube de Niterói. No meu imaginário infantil, a festa de Momo estava, invariavelmente, ligada ao sexo e à putaria. Por que? Nos bailes transmitidos pela TV Manchete, eram mulheres peladas e homens com cara de tesão. Nas revistas que saíam pós-folia, as fotos eram flagras de agarrões, línguas em lugares inapropriados para menores, seios e outras partes nuas, homem com homem, mulher com mulher.

Era natural que eu não me sentisse à vontade, já de cara, de ir num lugar onde fatalmente eu achava que veria cenas como essas. Enfim, não sei até hoje por que meus pais me levaram. Já na entrada, eu de sarongue e bustiê de chita, com um filó à la viúva Porcina na cabeça, maquiada (para parecer mais velha!!!) e com uma bolsinha a tiracolo, seguranças tentaram me barrar. Meu pai tentou argumentar que era meu pai e eu estava com a família, mas nada. Aí apelou para o jeitinho, dizendo que era filho de um tal Caio Lamego, velho amigo do presidente do clube, freqüentador dos bailes da cidade, boêmio, que trabalhava com o deputado fulano de tal, enfim, entramos.

Fomos direto para o camarote. Na minha memória, eu era a única criança lá dentro, mas ao lado de tias, tios e meus pais. Nas muitas idas e vindas ao banheiro, eu vi uma cena que me chocou: um homem beijando outro homem, e minhas tias cochichando sobre o fato. Mas é carnaval, vale tudo. Na única vez que desci ao salão, um cara que deveria ter o triplo da minha idade me agarrou pelas costas num trenzinho que entrei, mas com a garantia de ter meus adultos por perto. Saí logo. Definitivamente, era um peixe fora d'água. E tinha medo.

Era muito magrinha nessa época. Aliás, quase pele e osso, com canelas finíssimas e joelhos protuberantes! Mas, no vocabulário da época, já tinha ficado "mocinha". Dez anos recém-completados e destinada a sangrar todo mês, invariavelmente, até em dias de carnaval (eu ficaria "assim" em vários carnavais durante a adolescência, uma sina!). Pois no dia do baile, eu estava "naqueles dias", um incômodo a mais, que, ao contrário, não me fazia sentir mais "adulta" no meio daquela gente toda. Ainda ontem, esteve aqui em casa um dos tios que me acompanhavam naquela noite e ele se lembrou do meu desespero. "Mãe, quero ir no banheiro, acho que já estou suja". Não havia jeito de me convencer. As tias se revezavam. A cada pingo, eu queria me trocar. Que maldade com uma criança!!

Para completar a noite, no meio do baile as cenas proibidas: duas mulheres sobem ao palco e tiram a parte de cima de seus biquínis. Eram seios à la Fafá de Belém. Uma coisa inesquecível para uma menina de dez anos, metida num sarongue curto, com um modess grande (sua menstruação já parecia de moça adulta) a lhe atrapalhar os movimentos, uma maquiagem que mal disfarçava seu desconforto em estar ali. Meu pai já bêbado, minha mãe brigando só porque ele olhava para os seios à mostra, de longe, vários homens velhos e barrigudos me cumprimentando "essa é a neta do Caio", "que gracinha", "seu avô faz muita falta ao carnaval", papai um tanto feliz de reviver a presença de vovô, que tinha nos deixado há quase seis anos, eu querendo ir embora... Antes do baile, eu não sabia direito, mesmo já "mocinha", como funcionava esse negócio de sexo. Saí de lá com impressão de que tinha a ver com carnaval, era algo ruim e que fazia os casais brigarem.

***

E assim terminou, meio mal, meu primeiro baile de carnaval. Mas, para contrariar a expressão de que a primeira impressão é a que fica, outros vieram - e com muita alegria.

domingo, fevereiro 04, 2007



Domingo de plantão com gripe, sem namorado e um consolo: a Carminha!!!! Não é linda a loirinha que rouba toda a atenção do titio? SÓ ELA PODE!!!