Lameblogadas

domingo, maio 01, 2005



"Os pássaros sentem-se bem no ar, os peixes sentem-se bem na água: os homens não se sentem bem na terra". (Murilo Mendes)


Viajo amanhã para Juiz de Fora. Levo na bagagem o choro do meu pai, o medo do imprevisível, a vontade de reencontrar o melhor doce de leite de Minas, um inédito do Paulo Mendes Campos (escritor que também me acompanhou na última viagem para Minas), um Guimarães Rosa de presente, as dicas preciosas de novos-velhos amigos mineiros, a incumbência de entregar o trabalho da amiga Olívia sobre Murilo Mendes no Centro de Estudos do poeta que adoro, a curiosidade de ver de novo lugares embaçados na memória, o disco do grupo de teatro que conhecerei na cidade de ladeiras onde está o museu da loucura, que já foi prisão, a lembrança da poeira invadindo o carro durante viagem pelas estradas de terra que me levaram a Tiradentes pela primeira e única vez e a saudade dos dias que deixarei de viver por aqui.

São muitos os caminhos que me levam de volta às Minas Gerais.



Play it, Sam

Aula de oficina de textos, terceiro período da faculdade de comunicação. O professor Dênis de Moraes propõe um exercício à turma: mudar o final de um livro ou de um filme, preservando, de preferência, o estilo do autor.

Aula seguinte, o professor traz alguns dos trabalhos para comentar. Um dos escolhidos foi o de um aluno de cinema que deciciu mudar o fim de Casablanca. Inconformado, ele sempre achou que o amor de Ilsa, a belíssima Ingrid Bergman, e Rick, o charmosíssimo Humphrey Bogart, merecia um final feliz.

Criou-se a polêmica. Para o professor e uns poucos alunos (eu inclusive), o desfecho do filme foi fundamental para torná-lo um clássico inesquecível. Mais: o melhor de Casablanca era aquela beleza contida na dor da impossibilidade.