Lameblogadas

sábado, junho 12, 2004




A propósito da matéria de capa hoje do Prosa e Verso, do Paulo Thiago, me lembrei de um antigo post, originalmente uma anotação perdida dentro de um livro... dizia mais ou menos assim:

"...eu lia contos do Pirandello e do Poe. Adormeci com o cheiro de papel velho que exalava do livro antigo e acordei com ele ao meu lado, amassado.
Talvez ele seja minha última companhia, o livro. Meu sonho é morar numa biblioteca e casar com os livros. A eles amarei incondicionalmente, sem cobranças, sem limites, sem abandono, sem dor..."


Continuo amando os livros, fazendo deles uma das minhas maiores companhias, meus bens mais preciosos, objetos que cuido como se fossem filhos - sentindo necessidade do cheiro, do toque, da presença física, enfim. Mas hoje já não quero morar só com eles. Meu desejo é dividir a minha "fazendinha" com outro, alguém que eu achava impossível encontrar. Um amor no qual não acreditava mais que pudesse aparecer. Um menino que se encaixa em todos os pré-requisitos que eu julgava até pouco tempo impossíveis de serem reunidos numa só pessoa. Quando juntarmos nossos livros, faremos uma grande biblioteca para deixar de herança...

sexta-feira, junho 11, 2004



Orlando Mavioso

Tudo no show do Zé Renato, quarta-feira no Centro Cultural Carioca, foi bonito demais. O que mais me chamou a atenção, além da voz perfeita e do esplendoroso repertório, foi a maneira como ele se expressa com as mãos, ditando o ritmo das músicas... Uma beleza!

Quando ouvimos Zé Renato cantar ao vivo coisas como a "Rosa" do Pixinguinha entendemos as palavras de Hermínio Bello (também na platéia) no programa do show: "... logo o chamei de Zé "Voz de água", pela limpidez cristalina de seu canto de extrema sensibilidade, ele moderno seresteiro..." Nada mais precisa ser dito!

Rosa (Pixinguinha)

Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada e formada com ardor
Da alma da mais linda flor de mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
O teu coração junto ao meu lanceado pregado e crucificado
Sobre a rósea cruz do arfante peito teu
Tu és a forma ideal, estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação que em todo coração sepultas o amor
O riso, a fé e a dor em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela, és mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus quanto é triste a incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar em conduzir-te um dia aos pés do altar
Jurar, aos pés do onipotente em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos em nuvens de beijos
Hei de te envolver até meu padecer, de todo fenecer



Quando eu comecei a gostar deles por conta própria (antes, eu ouvia os discos do meu irmão), Cazuza já estava em carreira solo. O Barão Vermelho foi A banda da minha adolescência. Cazuza, um dos cantores que mais ouvi até descobrir outras bandas...

Não tive tempo de ir a um show dele, mas ouvi até quase furar (era assim que se dizia na época) o vinil do último show no Canecão. Quando ouço "Faz parte do meu show", me lembro do tempo da escola, das festas em casa e de amigos, sinto os sabores e perfumes daquela época.

Do Barão, as lembranças são mais materiais. O primeiro show foi em Cordeiro, num pavilhão de exposições. Era um festival de rock (rock?) que teve também a participação do Inimigos do Rei, do 14 Bis e... não me lembro da quarta banda. Eu e a Jaqueline, A amiga daqueles tempos, éramos tão fãs que chegamos a tempo de ver Frejat e cia. passando o som. Ou seja, na mesma noite, vimos dois shows da banda.

Nesse tempo, havia muitos shows nos ginásios de dois colégios de Niterói, Abel e Salesiano, onde vi o Barão pelo menos umas quatro vezes. Na última, no Abel, ouvi pela primeira vez "O poeta está vivo". Fazia pouco tempo da morte de Cazuza. Choramos horrores... Era também o fim de uma época. Logo depois, me lembro do choque ao ver Frejat cantando uma música esquisita, com cabelos aloirados e óculos mosca, num estilo clubber que me maltratou...

Ando muito afastada desses sons da minha adolescência. O filme do Cazuza, que estreou ontem e pretendo ver hoje, suscita uma série de lembranças boas, ainda que suburbanas (será que mais alguém se sente excluído ao ler essas matérias todas com uma visão muito zona sul dos anos 80?), de um tempo em que eu enlouquecia na pista de dança ao ouvir coisas como essa música:


Por que a gente é assim? (Frejat-Cazuza-Ezequiel Neves)

Mais uma dose?
É claro que eu estou a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?

Agora fica comigo
E não desgruda de mim
Vê se ao menos me engole
Não me mastigue assim

Canibais de nós mesmos
Antes que a terra nos coma
Cem gramas, sem dramas
Por que a gente é assim?

Você tem exatamente
Três mil horas
Pra parar de me beijar
Você tem exatamente tudo
Pra me conquistar

Você tem exatamente
Um segundo pra aprender a me amar
Você tem a vida inteira
Pra me devorar...

Mais uma dose?
É claro que eu tô a fim
A noite nunca tem fim
Por que a gente é assim?

quarta-feira, junho 09, 2004



A música do dia, na voz dele, com arranjos do Quarteto Maogani.

Papo de passarim (Zé Renato e Xico Chaves)

Tiziu pulou no ar e cantou
Se canta avisa bem que já viu
O seu amigo noutro capim
É papo de passarim,
É papo de passarim

Assim de de pê de ipé deve ter
Assim de ipé de pê deve ter
pra colorir o mato pra mim
O mato é bom passarim
Não mata não passarim

Clareia o dia
É festa, é cantoria
Na luz do sol
E tudo fica
Mais verde e vim te ver
Como um bem-te-vi
É isso que eu quero sim
Faz a cantiga pra mim
Passarim
Passarim

segunda-feira, junho 07, 2004



Sexta com Clarinha

Clarinha, filha dos queridos Ana Paula e Marcelo, recebeu os amigos para um fondue na sexta-feira. Com direito a vinho, audição do CD do dindinho e muitos sorrisinhos gostosos, Clarinha se mostrou uma bela anfitriã.

Por falar em bebês, nasceu hoje Gabriel, filho do amigo Pedro Landim. Com muito frio, o bebê aparece embrulhadinho no fotolog do papai: http://pedrolandim.fotoblog.uol.com.br.



A música preferida
para o menino da foto (*)

O meu amor (Chico Buarque)

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz


* tirada pelo amigo Marcelo na Portela



de Pierre Verger

Dançar é uma felicidade ainda maior quando se tem saúde para tanto.
Essa música é uma das minhas preferidas e foi cantada no sábado pela Dorina, no melhor momento das "participações especiais" na roda de samba da Velha Guarda da Portela.

Caxambu (Almir Guineto)

Olha vamos na dança do Caxambu
Saravá, jongo, saravá
Engoma, meu filho que eu quero ver
Você rodar até o amanhecer
Engoma, meu filho que eu quero ver
Você rodar até o amanhecer

O tambor tá batendo é pra valer
É na palma da mão que eu quero ver
O tambor tá batendo é pra valer
É na palma da mão que eu quero ver

Dona Celestina me da água pra beber
Se você não me der água
vou falar mau de você
Deu meia noite, o galo já cantou

Na igreja bate o sino
é na dança do jogo que eu vou
Deu meia noite, o galo já cantou
Na igreja bate o sino
é na dança do jogo que eu vou

Carreiro novo que não sabe carrear
O carro tomba e o boi fica no lugar
Carreiro novo que não sabe carrear
O carro tomba e o boi fica no lugar

Quem nunca viu vem ver
caldeirão sem fundo ferver
Quem nunca viu vem ver
caldeirão sem fundo ferver