Lameblogadas

sexta-feira, janeiro 23, 2004



Pelo telefone

Lula demitiu hoje o ministro Cristovam Buarque, que está em Portugal e se integraria à comitiva do presidente na viagem à Índia, por telefone.
Sem comentários, apenas uma música:

O chefe da folia
Pelo telefone
Manda me avisar
Que com alegria
Não se questione
Para se brincar
Ai, ai, ai
É deixar mágoas pra trás, oh rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz, e verás

Tomara que tu apanhes
Pra não tornar fazer isso
Tomar amores dos outros
Depois fazer teu festiço

Ah, se a rolinha (sinhô, sinhô)
Se embaraçou (sinhô, sinhô)
É que a vizinha (sinhô, sinhô)
Nunca sambou (sinhô, sinhô)
Porque este samba (sinhô, sinhô)
De arrepiar (sinhô, sinhô)
Põe perna bamba (sinhô, sinhô)
Mas faz rodar (sinhô, sinhô)

O Peru me disse
Se Morcego visse
Não fazer tolice
Eu então saísse
Dessa esquisitice
De disse-não-disse

Ai, ai, ai
A estátua do ideal triunfal
Ai, ai, ai
Vivo o nosso carnaval sem rival

Ninguém tira amor do poço
Por Deus foste castigado
O mundo estava vazio
E o inferno, habitado
Queres ou não (sinhô, sinhô)
Ir pro cordão (sinhô, sinhô)
É ser folião (sinhô, sinhô)
De coração (sinhô, sinhô)
Porque este samba (sinhô, sinhô)
De arrepiar (sinhô, sinhô)
Põe perna bamba (sinhô, sinhô)
Mas faz rodar (sinhô, sinhô)



Com direito a altar e tapete vermelho, padre com pinta de papa, bolo enfeitado com casal de noivos no coreto e, claro, muito samba, Monarco casou-se ontem com Olinda na quadra da Portela.

Foi um luxo participar desse momento importante da vida de nosso mestre. Assistir à canja dos elegantes Paulinho da Viola e Guilherme de Brito (sempre com sua pose altiva), acompanhados por uma Velha Guarda em trajes de gala vai ficar como um dos melhores momentos de nossa vida portelense.




quinta-feira, janeiro 22, 2004




Teresa Cristina foi um capítulo à parte no show de ontem. A moça chorou sem parar com a entrada de Wilson Moreira e Dona Ivone Lara no palco do Canecão.

A última vez que a vi assim foi no show do seu Argemiro do Patrocínio no Municipal de Niterói. Não sei como ela conseguiu acompanhá-lo nas letras que ele esquecia, guiando o show do bamba portelense com seu Jair do Cavaquinho, para quem Teresa também soprava o roteiro. Cantar chorando, com a emoçãoo à flor da pele, deve ser difícil. Mas ela não deixou cair a peteca.

Ontem, quando pegou o microfone de volta, Teresa Cristina agradeceu aos deuses por estar ali, sendo testemunha daquele encontro mágico. E, sem acreditar em sua própria grandeza, falou da felicidade de poder cantar uma das músicas de seu próximo CD.

Não bastasse tudo isso, a moça é portelense e vascaína...

Candeeiro (Teresa Cristina)

Candeeiro, eu careço de luz o ano inteiro
Minha gente ainda dança fevereiro
E eu correndo na rua a lhe chamar
Candeeiro, a estrada já vai escurecendo
Minha gente se olha e não está vendo
Querosene acabou vou lhe chamar
Querosene acabou vou lhe chamar

Candeeiro, cor dourada que lume no meu peito
Essa dor candeeiro não tem jeito
No vazio não tem como queimar
No vazio não tem como queimar

Candeeiro, vó me disse ainda era pequenina
Vento bate com força na cortina
Candeeiro no chão pode queimar
Candeeiro
Candeeiro no chão pode queimar
Pode queimar.


Nota: procurei a letra do samba no google, que me encaminhou para um certo blog novo de letras da praça...



Botecos do Rio

Tive a oportunidade de conhecer, ontem, na Zona Oeste, o Bar Budo, um botequim que fica em frente à praia de Pedra de Guaratiba. O dono, Vilson, é uma espécie de Alfredinho, do Bip, às avessas. Além de oferecer iguarias impensáveis no boteco de Copacabana, o barbudo, como é mais conhecido, é o melhor garçom do seu bar.

Os clientes não aceitam ser atendidos por outra pessoa. Ele não só serve, como bebe com e a bebida do freguês. Um português que freqüenta o bar numa Mercedes reclama que lá é o único lugar em que é roubado na conta, mas para onde sempre volta. Outra diferença em relação ao Neném: as fotos que enfeitam o painel do Bar Budo mostram o prefeito Cesar Maia, o deputado Airton Xerez e o cantor Elson do Forrogode. Nada a ver com o Bip, né? Mas os dois têm algo em comum: a simpatia, o carinho da clientela, a barba e a barriga proeminente.

Outro detalhe importante: antes de ser proprietário, Vilson era freguês. Ele comprou o bar para ajudar o dono a comprar um barco de pesca para o filho. Continuou freqüentando, mas fazia questão de pagar a conta. Depois de um acidente e de ficar mais de um ano paralisado, resolveu mudar de vida. Largou a carreira de professor de estatística e advogado e assumiu o Bar Budo. Alguma semelhança com o Neném?

Em sua gestão, o Bar Budo se tornou um daqueles lugares que se tem vontade de voltar no dia seguinte, carregando os amigos. Lá se come a melhor empadinha de camarão do Rio. Os camarões fritos que ele nos serviu são de lamber os dedos, literalmente. "Agora, sim, você aprendeu a comer em botequim", disse, depois de me ver desistindo de comer o fruto do mar de garfo e faca. O prato principal foi camarão com catupiry. Dos deuses!

Nota: o Bar Budo é um dos 50 botecos listados no Rio Botequim 2004.




Depois do show do Paulinho da Viola, na terça-feira, eu e a Paulinha conversamos sobre uma tal listinha que faríamos com os 10 mais (bonitos) do samba.

Eu vou abrir a minha com um sambista que levou o Canecão às lágrimas ontem. Ao entrar no palco convidado por Teresa Cristina, Moacyr Luz, Luiz Carlos da Vila e Jards Macalé, mestre Wilson Moreira estava com uma aura divina. Uma luz que nos deixou em transe enquanto cantava Morrendo de saudade e Senhora Liberdade e manteve acesa na entrada da Dona Ivone Lara, a segunda convidada da noite.

Foi somente a segunda vez que vi Wilson Moreira num palco. Senti uma dessas emoções que nos fazem acreditar num mundo divino pairando sobre nós. Definitivamente, estou apaixonada.

Morrendo de saudade

Estou morrendo de saudade
de um tempo feliz que passou e eu não vi
gosto de manhã, de sapoti
Carícias no ar de um colibri
Samambaias na varanda
Tudo isso passou, perdi
Samambaias na varanda
Tudo isso passou, perdi

Quando o manto da noite cai sobre a cidade, que saudade...
E quando a passarada anuncia a alvorada, que saudade...
Arde tanto o coração
que me causa a impressão
que eu tenho o peito em chamas
A saudade é um punhal
cravado até o final
No peito de quem ama
Estou morrendo de saudade..."


P.S. Foto, da Chris Pacheco, e letra "roubadas" do Pentimento.

segunda-feira, janeiro 19, 2004



Momento mulherzinha

O novo filme de Walter Salles, "Diários de motocicleta" - sobre a viagem de Che Guevara com um amigo pela América Latina de motocicleta - foi aplaudido de pé no Festival de Sundance.
Vamos combinar o seguinte: um filme produzido por Robert Redford, dirigido por Waltinho e estrelado por Gael Garcia Bernal merece ser aplaudido de joelhos.