Lameblogadas

sexta-feira, janeiro 16, 2004



Ah, se ele fosse da Portela...

Tive um sonho com o Chico em que o azul dos seus olhos se espalhava por todo o corpo e ele virava portelense.

No meu carro hoje só tocou um samba: o "Lendas e mistérios da Amazônia", que levou a minha querida ao 19º campeonato em 1970, e que a escola revive este ano na avenida.

O que liga os dois parágrafos acima é o fato do meu Chico ter gravado este samba e de a preciosidade estar no CD-Bônus de sua caixa, que o meu amor portelense me deu de presente.

O samba já está na ponta da língua. Deu uma vontade imensa de desfilar...




Lendas e mistérios da Amazônia (Catoni, Jabolô e Valtenir)

Nesta avenida colorida
A Portela faz seu carnaval
Lendas e mistérios da Amazônia
Cantamos neste samba original
Dizem que os astros se amaram
E não puderam se casar
A lua apaixonada chorou tanto
que do seu pranto nasceu o rio-mar
E dizem mais
Jaçanã, bela como uma flor
Certa manhã viu ser proibido o seu amor
Pois o valente guerreiro
Por ela se apaixonou
Foi sacrificada pela ira do Pajé
E na vitória-régia
Ela se transformou
Quando chegava a primavera
A estação das flores
Havia uma festa de amores
Era tradição das amazonas
Mulheres guerreiras
Aquele ambiente de alegria
Terminava ao raiar do dia
Ô skindô lalá,
Ô skindô lelê,
Olha só quem vem lá
É o saci pererê



Foto de Fábio Rossi

Quando o trabalho vira diversão...

Nada como uma boa pauta para alegrar uma tarde de trabalho na Zona Oeste. Ontem, uma delas era com a Velha Guarda da Mocidade, que em 2001 criou a sua Velha Guarda Show e agora luta para gravar seu primeiro disco. Os integrantes, todos na casa dos 60 (a Mocidade é da década de 50), chegaram na hora marcada e fizeram uma alegre roda de samba para a fotografia e para o deleite da repórter que gosta de samba.
Com um repertório baseado em antigos e recentes sambas-enredo e também em sambas de terreiro da década de 60 e 70, a Velha Guarda entoa todos em ritmo mais lento, com a cadência que não ouvimos mais nem na avenida nem nos discos de samba-enredo.
Os compositores mais cantados são Toco, autor, entre outros, de "Apoteose ao samba", que levou a Mocidade ao grupo especial, em 1958, e Tiãozinho, seu parceiro e compositor campeão em 1985, com "Ziriguidum 2001, um carnaval das estrelas; em 1990, com "Vira virou, a Mocidade chegou", e no ano seguinte com "Chuê chuám, as águas vão rolar".

Nota: é impressionante, mesmo sendo óbvio, notar que a distância que separa a sede da Velha Guarda da quadra da escola (uma em frente à outra) é muito maior que apenas uma rua. Ao atravessá-la percebe-se, com tristeza, o que as escolas de samba eram e no que se transformaram.

O samba campeão na Praça Onze em 1958:

Apoteose ao samba (Toco e Cleber)

Nas noites enluaradas
No tempo do cativeiro
Todos devem conhecer
A fama de carrasco
Do coronel Trigueiro

Mas existia um porém
É que o "seu" coronel, toda fúria perdia
Quando escutava no terreiro
Um preto velho amarrado no tronco
Que entoava sua melodia

Era o Samba, sim senhor
Entoado com sofrimento e dor
Neste ritmo cadenciado
Que pelo Brasil se propagou
Radiofonia, imprensa falada
Associação, departamento de turismo
Que com muito brilhantismo
Pelo nosso samba trabalhou
Confederação Brasileira
Lutou pelo mesmo ideal
Para que o samba se tornasse
O orgulho nacional

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Notícias da Portela

No último sábado, a Velha Guarda da Portela apresentou a mais nova integrante, que veio para substituir o querido Argemiro: é Neide, filha do notável Chico Santana. Estarei no próximo para conferir.

Ah, Paulão esteve lá. Olha que gracinha a foto dele com a tia Surica:



terça-feira, janeiro 13, 2004



E tudo acaba em samba...

Patética a decisão da Alerj de levar sambistas ao aeroporto para recepcionar os americanos que estão sendo fichados na entrada do nosso território. Para piorar, o mico: a Mangueira manda avisar que não foi comunicada sobre a ida de seus artistas para o Galeão e que os ritmistas e passistas que foram lá não representam a escola...

segunda-feira, janeiro 12, 2004



Nana, Lameguinho, Babi, Paulo, eu e meu amor

Em uma hora de convivência com o Pedro, a Gislaine (minha amiga que chegou da Alemanha ontem) fez a perspicaz observação: "seu namorado é muito cogitado".
O telefone celular dele j tinha tocado milhares de vezes. Eram eles, os amigos, chamando o Pedro para sair, querendo saber como ele estava. Meu namorado é uma pessoa muito querida e conhecer os amigos dele tem sido uma boa surpresa nesses oito meses de namoro.
De todos, o casal Marcelo Goldenstein e Aninha tem um lugar especial no meu coração. Os dois são testemunhas de momentos especialíssimos. Estavam no Bip Bip na noite do primeiro beijo. Uma semana depois, no Carioca da Gema, estavam lá para conferir o início do namoro: "ah, quer dizer que o negócio aí rendeu?", perguntou, na lata, o Golda.
Rendeu tanto que eu e o Pedro tambm estávamos com eles no fim de semana que marcou para sempre suas vidas: a estadia em Búzios, quando Clarinha, que virá ao mundo em março (será pisciana?), foi concebida. Noites regadas a fondue, vinhos chilenos e boas risadas depois e já posso também chamá-los de amigos.
Outro casal por quem tenho enorme apreço é a Nana e o Paulo Aragão. Ainda lembro do dia em que conheci os dois: o Paulo foi no Bip. Conversamos algo sobre Niterói e outras generalidades. Com o tempo, percebi que esse era um "grande irmão" do meu amor. Mais: seu companheiro de glórias e decepções botafoguenses. A Nana conheci no Carioca da Gema. O assunto da noite era o casamento do Lameguinho e da Babi.
Esses dois demorei a encontrar. E ainda não tinha passado mais que duas horas junto com eles. O fim de semana prolongado em Friburgo, que culminou na noite de réveillon, me proporcionou fortalecer os laços com aqueles que eu já admirava e criar um grande carinho pelos novos. Especialmente a Babi Werner Carpenter (embora eu não a perdôe por não ter posto o Lamego no sobrenome), que na hora da virada, com o jeito mais doce do mundo, me falou as palavras que mais me emocionaram naquela noite: seja bem-vinda!

Na foto, só faltaram o papai e a mamãe da Clara.



A noite de sexta começou no CCBB, onde fomos assistir à peça "Obrigado, Cartola". Algumas observações:

Altos:
- a idéia dos dois planos, um real e outro alegórico, para contar a história do personagem como se fosse um desfile da Mangueira. Foge ao lugar comum das biografias, sem deixar de contar partes importantes da vida;
- Flávio Bauraqui, mesmo na caricatura de Cartola velho;
- Mariah da Penha como Zefa, nem tanto como Zica (em determinado momento, seus movimentos de braço me fizeram lembrar de Lucinha Lins com isquemia na Ópera do Malandro);
- atriz que interpretou dona Neuma
- música e músicos
- cenário
- morte de Cartola

Baixos:
- Paulinho da Viola branco, Carlos Cachaça sem destaque, Noel Rosa bêbado, Bilico Jorge sem peruca, o mesmo ator como Villa-Lobos e Nara Leão exagerada (na falta de um adjetivo pior);
- roupa dos músicos
- alguns figurinos carnavalescos
- a cena final, quando os atores se misturam à platéia, tirando a concentração para o principal: a audição do samba-enredo composto por Hermínio Bello de Carvalho e Paulinho da Viola, especialmente para a peça.




Propaganda enganosa

Meu amorzinho me pareceu, à primeira vista, um menino tímido. Oito meses de namoro depois, eu posso dizer que de tímido ele não tem nem a sombra. Pedro Paulo, Pepê para os íntimos, é um artista completo. Além de (en) cantar nas noites boêmias do Rio, ele representa muito bem. Os amigos que testemunharam sua atuação na noite B da Donana estão aí para confirmar.

Além de posar para a foto com Jorge Cherques, Pepê teve a coragem (sem tomar um gole de álcool) de se dirigir à eterna governanta Jaqueline Lawrence para pedir um autógrafo. E, na maior cara de pau, nem se intimidou quando ela, sarcasticamente, perguntou se ele era do Piauí, tamanha admiração e encanto ao encontrar uma artista da Globo. Beijou a sua mão e tudo!

Naquele momento, tive a certeza de que, se eu tivesse deixado, ele teria se dirigido ao ator e dublador Orlando Drummond, numa tarde paisagística em Caxambu, e pedido: "seu Peru, pode tirar uma foto aqui com a minha espousa, que é sua fã?"

Na foto, Pepê tramando suas travessuras e eu, apaixonadamente, rindo.



"Ele não é tão conhecido. Aqui vêm artistas melhores".

O garçom da Donana bem que tentou botar água em nosso chope. O que ele não sabia é que quanto mais obscuro for o artista melhor. Nossa trupe (eu, Pepê, Moutinho, Paulinha e Joaninha) ganhou um ótimo reforço sexta-feira, no jantar da cantina lado B de Copacabana: Paulo Aragão e Nana Vaz fizeram bonito na mesa ávida pelas personalidades mais esquecidas do nosso meio artístico.
E a estrela da noite foi o ator Jorge Cherques. Típico personagem de filme dos Trapalhões, ele tem no currículo participações nas novelas Irmãos Coragem (Souza), Gabriela (padre Basílio); Elas por elas (delegado do IML); Vamp (frei Bartolomeu); Dona Beija (não há indicação do personagem) e Por amor (idem).
O ator também teve uma extensa carreira cinematográfica. Entre outros filmes, integrou o elenco de O trapalhão e a luz azul; Robin Wood, o trapalhão da floresta; A filha dos trapalhões; Aladim e a lâmpada maravilhosa; Memórias do cárcere; A terceira morte de Joaquim Bolívar. e, como estampa sua camisa, o mais recente O que é isso, companheiro?.
Nossa estrela B cumprimentou a Paulinha e o meu amorzinho como se fossem amigos de outrora, mandou beijinho para a turma e deu um caloroso na Joaninha, além de nos brindar com a confissão de que apanhava da mulher se não chegasse cedo em casa.
O único senão do jantar foi a ausência da grande Berta Loran, garota-propaganda da Donana. Mas não há de faltar oportunidade: o encontro no restaurante passará a ser mensal. E mais: sugiro que façamos saraus lado B. Precisamos de uma sessão exclusiva com os filmes de Jorge Cherques!!!!

Na foto, da Paulinha: Joaninha, Jorge Cherques, Pepê e Nana.