Lameblogadas

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Dia dois de fevereiro

Neste dia de Iemanjá e/ou de Nossa Senhora dos Navegantes, o mar foi o tema do email diário do amigo Henrique Rodrigues, autor do "Musa diluída". Entre os poemas selecionados, tem um de Sophia de Mello Breyner Andresen, poetisa a quem tenho vontade de conhecer melhor (meu aniversário é em março e fica aqui, assim de leve, uma dica de presente), ainda mais agora que conheci o belíssimo trabalho de Maria Bethânia, com inspiração nas letras da portuguesa (Mar de Sophia).

Como o Henrique, também tenho uma relação seminal com o mar, de onde tiro energia para renovar minhas forças sempre que preciso delas em momentos importantes da vida.

Segue abaixo um tanto da seleta:

ESPERA
Sophia de Mello Breyner Andresen

Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.

O MAR
Jorge Luís Borges

Antes do sonho (ou o terror) tecer
Mitologias e cosmogonias,
Antes que o tempo se cunhasse em dias,
O mar, o sempre mar, já estava e era.
Quem é o mar? Quem é esse violento
E antigo ser que rói estes pilares
Da Terra, e é um e muitos mares
E abismo e resplendor e acaso e vento?
Quem o contempla o vê pela vez primeira,
Sempre. Com o espanto que as perfeitas coisas
Elementares deixam, as formosas
Tardes, a lua, o fogo da fogueira


MORRER NO GRUMARI, ÚLTIMA DAS PRAIAS
Henrique Rodrigues

Não é à terra para onde voltamos,
Ao barro, ao pó, à lápide,
Tampouco a uma lembrança
Mal compreendida pelo coração.
Antes, o que se busca é abstração
Aquosa e clara, sem a qual
Não haveria a imensidão do litoral:
Fundamental é o mar que respiramos.


O carnaval das marchinhas



Passou em branco por aqui o primeiro baile do 2º Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas. Estive lá, recomendo o próximo no dia 11 de fevereiro e entro em contagem regressiva, apresentando as minhas preferidas. Começo, claro, com a marcha defendida pelo "melhor cantor de sua geração" (palavras de Paulo Roberto Pires, não tenho nada com isso!), Pedro Paulo Malta. Ele canta "Velho palhaço", marcha-rancho de Paulo Gomes, um compositor cearense que, animado com a classificação de sua música, arrumou dinheiro pra vir ao Rio assistir à final e voltou a compor com mais freqüência.



VELHO PALHAÇO

Autor: Paulo Gomes / Intérprete: Pedro Paulo Malta

I

A colombina já morreu,
Morreu
E o palhaço ainda sou eu,
Sou eu
A procurar nos blocos
Nas ruas e nos rostos
Tudo que a vida não me deu.

Confete é peça de museu,
Museu
Junto com o cheiro que foi teu,
Foi teu
Que se espalhava louco
Dos lanças e do corpo
Do corso...... enfim, das fantasias.

II

E hoje as cinzas
São os três dias
E os outros dias
São também...
E o carnaval não morre de vez
Por causa de mim
E dos outros palhaços
Que são assim.
***
Hoje é dia de festa no mar. Vou já comprar minhas flores para oferecer à rainha Iemanjá. Saravá, meu Rei! Salve a Bahia, sinhô!

segunda-feira, janeiro 29, 2007


Diálogo entre o tio Gu e o Antônio sobre o amor: *


Gu: Antônio, o amor não tem preconceitos. Meninos podem amar meninos, meninas podem amar meninas, meninos podem amar meninas...

Antônio: Menino com menino não pode.

Gu: Pode sim. O amor é o que importa. Nós podemos amar qualquer pessoa ou qualquer coisa. Podemos amar a geladeira, a árvore, o homem, a mulher.

Antônio: E o girassol, né?


****

Depois do diálogo, a tia Lu contou para o Antônio que o tio Gu é gay, quer dizer, que gosta de namorar meninos. Ele continuou brincando com os dois.
Antônio ama muito o tio Gu. E todos os tios Caroços, que mostram a ele um mundo onde há amor, sonhos, tolerância, diferença, meninos de rua, preconceito, crianças felizes, poesia, injustiça, decadência e muita luta.
xxxxx
* Esse post é em homenagem ao Gui, a quem amo tanto e desejo muita força para atravessar o rio.