Lameblogadas

sábado, setembro 21, 2002

"Drummonstro", como diria meu amigo Dunlop, bateu à minha porta e deixou um trechinho de poesia para mim nesta manhã fria.

(...)
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...

(O amor bate na aorta, Drummond)

domingo, setembro 15, 2002

Muito estranho

Alguém pediu para ser esquecido e reapareceu num telefonema inesperado. Pelo inusitado, não reconheci logo sua voz. O coração, de tão maltratado, já começa a ficar imune. Até quando?


Mais Nelson e o Fluminense

No tempo de estágio, fui no estádio das Laranjeiras quando passei pelo Esporte d'O Globo. Não me lembro como foi o treino do Flu, nem dos jogadores muito menos da reportagem que depois escrevi.
Minha única e triste lembrança: uma pequena foto amarelada do meu autor preferido, Nelson Rodrigues, na parede da salinha de imprensa. Cá para nós, esse tricolor ilustre e apaixonado merecia uma homenagem mais à altura.


Tricolor querido

Meu querido Nelson, o Rodrigues, ficaria muito triste hoje se cá estivesse. Num domingo de vitória do Rubinho e de Guga, o Fluminense perdeu de 6 x 0 pro São Paulo, no Morumbi. Pena.
Em tempo: sou vascaína.


Minas, no Rio

Ricardo Westin está no Rio. Obrigado por ter ligado ontem, amigo querido.


HOMENAGEM A MARIO GRANGEIA

Um texto do amigo individual sobre uma pessoa inesquecível, segundo o instrutor de rafting de Três Rios. Eu diria: uma pessoa SUPIMPA.

Que Mario?

O do estojo, do suco de caju, Godiva da Gamboa, o homem do bolso de trás, que empaca quando ri, carioca por excelência que encontra seu povo em São Cri-Cri, do pulmão cheio de alvéolos, que não foi para a Indonésia, que não usa artigos sem a precisão de um relojoeiro, que samba igual ao Rubinho Barrichello, que aceita passar frio pra ganhar um cachorro-quente, que tem medo de George Orwell, que dança o Maracatu Aeróbico, o amigo do Cotta e discípulo de Trinta, que canta pneu na Princesa Isabel, que dorme em pose ridícula no ônibus, que gosta de colher índices na FGV, que é o primeiro a se levantar e aplaudir o concerto entre 2.000 pessoas no Municipal, que gosta de bandas que começam com B, que envia crônicas para animar o nosso domingo, que apresenta seminários intermináveis, que coloca textos no anal do jornal, que não toma guaraná quente, que dá dinheiro pra caloura mas não pega, que chutou a mesa do Laguinho, que leva toco ao pedir informação na rua, que não sabe andar em trilha no mato, que deixou de comer frango ao molho pardo em Tiradentes pra visitar o túmulo de Tancredo Neves (e não viu), que me abandonou em uma praça de Ouro Preto duas vezes, que usa a palavra 'mister', que o põe o pé no freio de mão, que diz que a exigência da ECO é menor que a umidade em Brasília, que largou uma faculdade por uma música da Legião Urbana, que levou uma coreana a um clube de strip no Canadá, que se diz francófilo mas nunca leu Asterix, que aos 14 tinha como sonho ser editorialista do JB, que escreveu 'CVRD' mas não levou porrada na porta da Bolsa, que foi fã de José Vicente Santos de Mendonça, que saiu sambando do show de Eric Clapton, que lê os e-mails do CADERNO ELE com atraso e se espanta, que toma todynho na Redação e não se espanta com o espanto alheio, que se emociona ao entrevistar Mestre Zu, que quis fazer greve sentado no ponto do ônibus, que usa a palavra pomba como corruptela de porra, que aceitou minha definição de crônica como verdade universal, o menino travesso da paróquia, que declarou amor ao GB em sua festa de aniversário, que desvendou o dilema do taxista, que perdeu minha fita do
Jerry Seinfeld, que grita "MUITO BOM!" apontando pra gente, que não deixa ouvir Pink Floyd lendo Drummond em sua casa, que ganhou 40% de desconto no motel e repassou, que achava os fogos de Ano Novo "superficiais", que não entregou o boneco do Kenny à sua amada, que se preocupava em deixar a irmã caçula sozinha com o namorado em casa e depois mandou o sonho de casar virgem pro beleléu, enfim, que não tem um "rosto alvo que emana uma ternura sem par". (Daniel Moutinho)