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sexta-feira, fevereiro 11, 2005



Retrato da Portela no Carnaval

Componente chora durante desfile desastroso na Sapucaí

Não consegui comemorar o não-rebaixamento da minha escola de coração para o grupo de Acesso. Também não entendi a festa em Madureira depois da apuração - a escola 21 vezes campeã comemorar penúltimo lugar? Sinceramente, eu preferia o honroso e merecido rebaixamento, mesmo sabendo que voltar em 2006 seria ainda mais difícil.

Os jurados foram muito condescendentes com o vexame da Portela na avenida - tragédia anunciada desde o início de janeiro, quando o barracão da escola estava parado, sem vida, sem carro alegórico ou perspectiva de trabalho no curto prazo. As notas para a Portela em quesitos como conjunto, harmonia e alegorias e adereços mostram que o resultado do desfile é sempre motivo de desconfiança.

Ou como explicar um 7,6 para a Porto da Pedra em alegorias e adereços e um 9,4 para a águia sem asas da Portela? Tudo bem, seria uma das águias mais bonitas da história, mas a alegoria estava mutilada. O motivo que salvou a Portela - a tradição de ser grande - pode ter sido o mesmo que pôs a pequena Unidos da Tijuca em segundo lugar por dois anos seguidos. Desde o ano passado, a Tijuca emociona e surpreende a Sapucaí com seus desfiles criativos, feitos de materiais baratos, mas reluzentes, e muita competência do carnavalesco-revelação da Sapucaí.

Acreditar na tese de sabotagem, que integrantes famosos, os carnavalescos e o presidente da Portela vem defendendo, é o equivalente a dizer que a escola não ganha há tantos anos porque foi vítima de uma mandinga - tese defendida pelo pesquisador Hiram Araújo. Absurdo. Incompetência é o nome do problema. O descaso do ex-presidente, que afundou a escola nos últimos 20 anos de sua gestão, é ainda mais revoltante quando se vê o mesmo agora na pele de patrono da Estácio. Diz-se que o bicheiro injetou dinheiro na escola do morro de São Carlos esse ano. Escola de samba não deveria ser isso - um lugar para se legitimar as atividades ilícitas de cidadãos como ele.


P.S.: A Velha Guarda da Portela, humilhada na madrugada de segunda na Sapucaí, estará no desfile das Campeãs, amanhã. Convidados pela Beija-Flor, seus componentes se juntarão à Velha Guarda da escola de Nilópolis na abertura do desfile da tricampeã do Carnaval.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005



Da série "músicas que não saem da cabeça"

Cajuína

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina