Lameblogadas

terça-feira, junho 14, 2005



Metáforas

"Os eleitores do PT são aqueles torcedores que vão ao estádio achando que o time vai ganhar de goleada, e fica cantando vitória na entrada dos times. E de repente vê que o time não consegue armar uma jogada, não passa do meio-campo com a bola dominada. Perdendo de 2 a 0, e sob pressão, esse torcedor fica caladinho, na arquibancada, atônito, sem reação, com aquela cara de "Quê que eu vou dizer lá em casa?". O Lula é o técnico do time, quer dizer, não é ele que tá no campo fazendo cagada. Mas é
responsabilidade dele armar um esquema de jogo decente. A falta de rumo é culpa do treinador. E nós todos sabemos que, no Brasil, o primeiro cair é sempre o técnico."

Do amigo Daniel Moutinho, num bate-papo sobre a crise atual do governo. Nos últimos dias, venho me perguntando se será possível que o presidente não saiba das ações, sejam quais forem, dos homens ligados diretamente à sua eleição e à articulação política da sua administração. Se José Dirceu ou Delúbio Soares tiverem alguma culpa no cartório será que Lula é totalmente inocente?



Última hora

Nem duas semanas no Zona Norte, meu caderno preferido, e já estou de malas prontas para mais uma temporada na Nacional. Dessa vez, por conta da cobertura da CPI dos Correios e/ou do Mensalão. Começo amanhã, sem prazo definido para voltar ao Bairros.

Adeus sessões de cinema no fim de tarde no Centro ou em Botafogo...

Ficam pendentes também o desejo súbito de comer o sanduíche de brie com parma do Odeon; a ida à livraria do Arteplex (o presente de uma amiga está lá para ser comprado!!!) e uma visitinha à Prefácio e ao Luzes da Cidade para a consulta ao acervo dos livros de cinema (ando consumista demais, embora não compre roupas novas, um recorde!!, desde janeiro).

Meus anseios não cabem num fim de semana.

À mercê da maré

Não há como negar um certo fascínio que a minha profissão suscita em cada um de nós, jornalistas. Trabalhando em jornal, ainda mais em editorias como a de cidade, política e bairros, estamos a cada semana lidando com pessoas diversas, visitando lugares que jamais pisaríamos como comuns e testemunhando situações que afetam a vida de outros. Para quem tem interesse no ser humano, não há oportunidade melhor.

O nariz de cera é só para contar a experiência de ter conhecido, na última sexta-feira, a Vila Olímpica da Maré. Já tinha entrado na comunidade da Vila do João, também no Complexo da Maré, ainda como estagiária, para acompanhar um evento promovido pela polícia militar. Não faz tanto tempo assim, mas a vida por lá ainda era um pouco mais tranqüila. A vila olímpica fica exatamente na área conhecida hoje como a "Faixa de Gaza", um limite geográfico entre as favelas dominadas por três facções diferentes.

"Entre a vila e o Ciep, quem manda é o Terceiro Comando. Do Ciep para lá é o Comando Vermelho, da vila para o outro lado é o ADA", explica um dos coordenadores da vila esportiva. Conviver com esse ninho de pólvora é uma arte que me despertou muita curiosidade. Como lidar com o tráfico? Como atrair os moradores do outro lado para a prática esportiva? Como interpretar os sinais de que a "maré vai subir" naquele dia e os portões têm que ser fechados mais cedo?

Confesso que nem estava com medo quando o carro do jornal entrou na rua estreita que nos levaria à entrada do lugar. Mas ao saltar do veículo, senti que o clima estava longe de ser tranqüilo. Os guardas municipais nos receberam com muita cordialidade e avisaram: nada de circular por aqui sozinhas, sem um de nós ou um dos coordenadores do lado. Depois eu entendi o motivo da preocupação: eles também respondem pelo que a imprensa vier a publicar. Ou seja, nossa proteção tem a ver também com a dos freqüentadores-moradores e a do próprio tráfico.

As regras de convivência são claras. Como num relacionamento, cada um cede um pouquinho. Nós implantamos as atividades esportivas aqui, vocês apontam as armas para o outro lado. Os moradores que não têm parentesco com as pessoas do "movimento" podem circular, ainda que com cautela, nos limites da "Faixa", os que infelizmente têm ligação familiar, não. E assim vão vivendo em paz até a hora da próxima guerra...

Não estou aqui contando novidades, apenas constatando que a realidade é muito mais difícil de ser digerida quando a vemos diretamente. Saber que existe, ler no jornal ou ver na TV é muito diferente de conhecer ao vivo. Fui embora cedo, antes da hora do almoço, e estou até hoje tentando imaginar como é o anoitecer naquele lugar.



Saskia

Essa coisa linda é filha da minha melhor amiga e nasceu na Alemanha no último dia 10, sexta-feira. Ai, que vontade de pegar o primeiro vôo para vê-la! Mas terei que esperar até o Natal, quando a pequena virá conhecer o país da mamãe.