Lameblogadas

sábado, maio 03, 2003


Insanidade

Ficar sete horas sentada em frente ao computador, trabalhando num local que cheira a cigarro, com rádio, telefone e TV ligados, monitorando os acontecimentos na cidade. Eu não estudei para isso, mas estou resignada: amo mesmo essa droga de jornalismo, profissão que me faz trabalhar nos fins-de-semana e em horários improváveis.
Faltam 100 minutos para acabar o plantão...


O show

O ingresso era para um dos melhores lugares. Deu para ver quando Teresa Cristina foi às lágrimas durante o show de seu Argemiro, sentado ao seu lado. O sambista, emocionado com o teatro lotado e as palmas ardentes da platéia, acabou esquecendo algumas vezes as letras dos sambas e pedindo ajuda à Teresa, que cantava os trechos para ele.
Ela dirigiu os dois o tempo inteiro. Seu Jair não sabia a ordem das músicas, no intervalo entre uma e outra, olhava para trás e tentava decifrar a mímica de Teresa, que sussurrava o nome da próxima canção. Dançando o miudinho, com a elegância de um mestre, vestido em azul e branco, ele levava mais um samba para deleite do público.
O repertório era baseado nos CD's da dupla, com direito a pérolas como Doce na feira, com a qual seu Jair abriu o show, e A chuva cai (Argemiro), que não saem da mente dias e dias depois...
O municipal estava em êxtase, como poucas vezes vi, ainda mais em shows de samba. Teresa, soberana, comandava o espetáculo dos velhinhos como uma madrinha. Palmas também para os meninos do grupo Semente, os "netos" de seu Argemiro: "Eles é que me empurram pra frente, daqui a pouco vou parar nos fundos do teatro", disse ele, bem-humorado e tentando disfarçar o nervosismo.
Mais que aplaudir seus shows na Lapa, onde é rainha, temos que torcer pelo sucesso absoluto dessa menina que tanto amor e carinho demonstra pelos nossos queridos integrantes de uma Velha Guarda que até há bem pouco tempo guardavam suas composições em baús esquecidos.


Jabás

Algumas vezes, digo algumas, apenas algumas, frise-se, é muito bom ser jornalista. Saía eu cabisbaixa do Teatro Municipal de Niterói, depois de um dia na labuta, triste por não ter conseguido um ingressinho sequer para o melhor show da série Clássicos do Samba, com Seu Jair do Cavaquinho, Argemiro Patrocínio e Teresa Cristina. Por uma dessas sortes sem explicação, dou de cara com o secretário de Cultura da cidade, que, pasmem!, eu tinha entrevistado há poucas horas. Quando ele me cumprimentou e perguntou a razão do meu desconsolo, pensei em como era bom ser jornalista. Tive certeza que ia ganhar o tal ingressinho, que custava tão pouco (apenas R$ 4), mas tinha tanto valor pra mim...
O show é um post à parte.



Tá um frio hoje, tempo bom para tomar mingau de Cremogema. É o que vou fazer quando chegar do plantão. Mamãe viajou e não deixou muitas opções gastronômicas em casa...

quarta-feira, abril 30, 2003


Mais sambas da Velha Guarda. Está todo mundo insatisfeito com os descaminhos...

PORTELA SEM VAIDADE(Monarco)

Portela,
Te deram nova roupagem
De uma bela linhagem
Abismado até fiquei
Quando te vi
Outrora não tinhas vaidade
Mas era banalidade
A vitória a te sorrir
Conheço bem teu passado
Pertenço a tua raiz
Na tua simplicidade
Eras mais feliz
Paulo, Caetano e Rufino
Pela obra do destino
Te deram muitos carnavais
Natal se transformou num destemido
Não se dava por vencido
Quantas saudades me traz
Eu agradeço aos nossos diretores
Reconheço seus valores
Suas boas intenções
Mas o portelense quer vitória
Para alegrar seus corações

LAMENTO DE UM PORTELENSE (Argemiro Patrocínio)

Nas asas da poesia eu voei
E para o povo eu ganhei o carnaval
Como todo "portelense" eu vibrei
Com aquele desfile magistral
Mas sexta-feira
Eu perdi minha alegria
Foi embora
Toda minha euforia
Vitória para a Portela era banalidade
Mas da vitória
Estou sentindo saudade


Tristeza

Estava no barracão da Porto da Pedra ontem quando soube que estava acontecendo algum problema na Portela. Hoje, ao ler o jornal de manhã, estava lá: a minha querida foi invadida por integrantes armados insatisfeitos com a gestão do Carlinhos Maracanã. Pois bem, eu acho que a comunidade inteira deveria ir lá e tirar o velho à força. Mas sem armas.
Por coincidência, o Louzada, ex- Portela, reclamou muito do diretor da azul e branca. Disse que o homem está preocupado apenas em ficar na frente da Tradição e do Império e que não libera grana para nada. Assim, não dá para ser campeã!!! Meu Deus, ele vai acabar enterrando a minha Portela no segundo grupo.
Mas eu, que sou uma pessoa otimista, continuo ouvindo a Velha Guarda e torcendo para que a Portela volte a ser uma grande escola, comandada por gente "grande" também. Com vocês, um sambinha em homenagem à minha querida:

SAUDADES DA PORTELA (Monarco)

Portela, minha querida Portela
Sinto saudades daquelas
Lindas noites de luar
Saudades do saudoso Natalino
Paulo, Alcides e Rufino
Quando vinham ensaiar
Pastoras como Dona Bernadina
Liete Alice Braulina
E a saudosa Dagmar
Lá lá lá
Sinto imenso prazer
E me orgulho de ti
No teu reduto
Foi que um dia nasci
Muito aprendi com seus sambistas
Participei de várias conquistas
Conheço toda tua história
Teu passado de glória
Me faz sorrir
E também sinto um orgulho de dizer
Que eu sempre fui Portela
E serei até morrer

segunda-feira, abril 28, 2003


João Gabriel arrumou uma namorada que mora no meu prédio e se chama Vitória (o nome poderia ser outro...) Ela tem um aninho e pouco e é linda! O meu neném está que ninguém pode. Anda fazendo muitas artes, como se esconder dos pais dentro do boxe do banheiro. Ah, ele continua ensaiando seus primeiros passinhos no samba. É o orgulho da titia Lamego!