Não basta ganhar, tem que ter pinta de campeão!
Lewis Hamilton tinha três anos quando Ayrton Senna da Silva foi campeão do mundo pela primeira vez, depois de vencer o inesquecível GP de Suzuka, no Japão, em 1988 (Senna era pole, caiu para a 16ª posição, mas ainda na primeira volta conseguiu ultrapassar seis pilotos! O resto é história). O inglês já era piloto de kart, com apenas nove anos, quando Senna, na curva Tamburello, etc. Mesmo assim, o mais novo vencedor de uma corrida na Fórmula-1 tem Ayrton como seu piloto preferido.
Se ele não fosse tão bom piloto, não tivesse subido no pódio em todas as seis primeiras corridas que disputou na Fórmula-1, não estivesse liderando o campeonato, sendo o primeiro negro na categoria, não tivesse o GP de Mônaco como seu preferido (não deve ser coincidência o fato de Senna ter vencido justamente lá tantas vezes...), não corresse pela equipe que projetou Ayrton, não tivesse sendo tratado como o mais novo fenômeno das pistas, se não fosse nada disso, mesmo assim eu torceria por ele. Diz-me quem admiras que eu te direi quem és...
Numa entrevista reproduzida pelo site da Globo.com, ele diz sobre Ayrton: "Eu lembro de vê-lo correr quando eu era um garoto. Eu ficava hipnotizado. Ele era fantástico, dentro e fora do carro." Na pergunta sobre a importância de Michael Schumacher para a F-1, silêncio. "O piloto não respondeu a esta pergunta." Meu novo ídolo, claro!!!!!!!
E ainda tem todo o resto. Ele é a grande surpresa da Fórmula-1 em 2007. Azar o de Alonso, que esperava um novo Fisichella na McLaren. Sorte a de quem gosta de corridas, admira o esporte e se cansou de assistir à era monotemática de Schumacher. Vem aí um novo campeão? Pinta para isso, ele tem. Como Senna, que não se conformou nunca em ser o segundo piloto de Prost, e deu uma dor de cabeça danada ao Ron Dennis, Hamilton começa a fazer o chefão da McLaren a reviver outra grande rivalidade em sua equipe.
A admiração por Senna não é pouca coisa. Hamilton mostra a que veio quando diz que não quer ser um novo Rubinho na Fórmula-1. E não dá a menor bola para a birra do espanhol, que hoje errou quatro vezes na mesma curva. Numa delas, entrou na frente do inglês e, por pouco, não provoca a primeira batida do GP de Montreal, no Canadá (que teve a triste nota do acidente com Kubica).
Com Hamilton, vamos começar tudo de novo: ler os sites, as notícias, acordar cedo nos domingos de corrida na Europa, e torcer para voltar a ver grandes espetáculos, mas protagonizados por mais de um piloto. Hamilton é bom, e ainda temos Alonso e Massinha, que prometem promover com ele a melhor briga por títulos dos últimos tempos.
Só que Massinha e a Ferrari que me desculpem. Por causa do Senna, meu coração é mais McLaren. E minha torcida vai ser pelo Hamilton.