Lameblogadas

sexta-feira, agosto 30, 2002


Diálogos globais via email

Lamego: "Saudades de Ricardo Westin", o grito que vai sair do Globo, atravessar a Dutra e ecoar nas redações paulistas.

Lúcio: Começa na segunda-feira. Mas estou certo que dura pouco. Westin vai voltar!

Lamego: Assim esperamos. São Paulo não merece essa ilustre figura.

Westin: Assim eu fico encabulado.

Lúcio: Vai ficar mais ainda quando eu soltar um saudade de Ricardo Westin!

Último dia do amigo Richard no Globo, meu reportero de Copacabana preferido. Lá se vai para São Paulo, para a Folha de São Paulo, meu último pedacinho de Minas aqui no Rio. :-(((
Vou morrer de Saudades de Ricardo Westin!!!


Globais

"Eu não sou uma pessoa subjetiva", me disse agora a estagiária do Grobis Lu Barros, explicando porque não tem vontade de escrever outras coisas que não reportagens jornalísticas. Lu se espantou ao descobrir que eu escrevo para um blog. Meu Deus, eu sou uma pessoa subjetiva!!!


Patético II

Bangu, minutos antes de Lula chegar. Uma das vereadoras mais votadas do Rio, Verônica Costa, mais conhecida como a "mãe loura do funk", pega o microfone. Ela é do PL, partido coligado com o PT nacionalmente mas que no Rio resolveu se aliar ao PSB da Rosinha e do Garotinho. Desobedecendo ordens do presidente regional, bispo Rodrigues, a "mãe loura", ex-mulher de Rômulo Costa, dono da Furacão 2000, pede votos para Lula e Benedita.
"Gente do bem, meninas purpurinadas e poderosas, vamos votar na Benedita. Força, luz, muito amor para vocês. Benedita vai ser nossa governadora, Lula, nosso presidente. Galerá, tenham fé que a vida de vocês vai melhorar."
Depois de pedir votos para os candidatos, Verônica pergunta qual o nome do vice da Benedita. Ao descobrir, inicia mais um discurso. Sem conhecer nem mesmo o nome do Luiz Eduardo, a mãe loura falou dele:
"Galerá, gente do bem, vamos votar na Benedita. Esse aqui é o vice dela, um homem muito bom, cheio de luz, energia positiva, que vai fazer muito por vocês. Acreditem, Luiz Eduardo é competente, honesto e do bem."

Não bastasse a mãe loura pedindo votos para o PT, bispo Rodrigues anda às turras com outra loura siliconada do partido, a policial, modelo, atriz, mãe e ex-namorada do Vanucci (Alô, você), Marinara Costa. A candidata do partido a deputada estadual pretendia aparecer no programa de TV de biquini cereja, em frente à bandeira do Brasil. O bispo censurou as imagens. Disse: "o meu partido é liberal, prega a liberdade, não a libertinagem." A Manchete do Dia para a reportagem: "Toda nudez será castigada no PL."
Marinara prometeu para esta semana uma carreata com muitas mulheres bonitas e corpos saudáveis, com a presença de seu Marinaramóvel. Um fusca branco cheio de corações. Meu Deus!!


Patético I

Quinta-feira, 29 de agosto. Bangu, showmício do Lula. No palco, Zezé de Camargo e Luciano pedia (no singular porque só um dos dois falava, mas não se escreve o nome de um sem o outro) votos para Lula.
"Quem aqui vai votar pela primeira vez? Aproveitem então para votar nesse homem, ele tem condições de mudar o Brasil. Nunca votei no Lula, mas agora estou aqui como artista pedindo voto para ele porque acredito que nós, formadores de opinião (meu Deus!!), temos a obrigação de conscientizar o povo. Sei que vocês estão aqui para se divertir, mas não me sinto nem um pouco constrangido em falar de política durante o nosso show..."

Reação da platéia: "lindo, tesão, bonito e gostosão"

terça-feira, agosto 27, 2002


Transes jornalísticos

Há momentos em que as redações de jornais entram num transe coletivo. Em um ano e um mês no Globo, presenciei algumas contundentes manifestações dos colegas às notícias veiculadas na TV. Vi repórteres chorando, torcendo, se indignando, dando murros no ar e gritando yes! em ocasiões diversas como num jogo de Copa do Mundo, na tragédia americana em Nova Iorque (aqui a grafia é nossa e não como a quer o Garcia), na morte do colega Tim Lopes e nas divulgações de pesquisas eleitorais. No dia em que o Jornal Nacional confirmou o assassinato brutal de Tim, bolos de jornalistas se juntaram em frente às TV's espalhadas por aqui (se não me engano são oito no nosso espaço, mais as dos aquários). Vi lágrimas corporativas rolarem de olhos que sequer viram o repórter uma vez na vida. Meus olhos marejaram, me segurei para não chorar. Sou uma manteiga derretida, se vejo duas pessoas chorando, me dá vontade também.
Nos atentados terroristas que derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center e destruíram parte do Pentágono, eu era estagiária. Onze de setembro, meu primeiro dia na Internacional. Inesquecível. Por sorte, resolvi chegar mais cedo para adiantar matérias atrasadas (estagiários não fazem reportagens para serem publicadas e são os únicos seres na redação que não têm obrigação de escrever o que apuraram no mesmo dia). Quando cheguei, vi o redator Flávio Lino, rei das canetadas (suava frio quando entregava minhas matérias para ele corrigir), em frente à TV, sem acreditar no que estava vendo. Duas horas depois, o Globo tinha pronta uma edição especial que demandou o trabalho de uma equipe fantástica de jornalistas. Comoção pelo bom trabalho, pelo momento Histórico. Bem, já escrevi um texto sobre isso. Na verdade, o texto saiu no jornal final aqui do estágio, mas não do jeito que eu queria. Então, vou registrar aqui o que não saiu lá (não se pode citar nome de ninguém, Cláudia, me disse a Simone): William Helal foi o estagiário que motivou a galera a fazer um caderno especial sobre os atentados. Naquele dia, eu vi a alma de Lilico e ela era jornalística.
Saiu agora há pouco a última pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial. Não há dúvidas que a maioria dos jornalistas aposta em Lula lá... no Planalto. A comemoração mais exaltada de alguns e o sorriso feliz de outros mostrou isso. Muita vibração com os resultados: Lula continua em primeiro, com 35% das intenções de voto. A grande novidade é a queda de Ciróquio, de 26% para 21%. Serra cresceu depois de atacar Ciro no horário eleitoral. No primeiro debate entre os presidenciáveis, e até hoje eu não tinha revelado aqui minhas impressões, Serra deu a grande virada: mostrou a primeira grande mentira da campanha.
Provou que Ciro blefava ao dizer que tinha pago um salário mínimo de U$ 100 quando foi ministro da Fazenda. A partir dali, repórteres acordaram e foram atrás de mais histórias do bonequinho que mente. Descobriram que o candidato rústico, segundo sua própria mulher, a bela Patrícia Pillar, mentiu ao dizer que estudara em escola pública a vida inteira. O Elio Gaspari entrou na campanha para desmoralizar Ciro, que chama fotógrafos de babacas e eleitores, de burros. Em sua coluna dominical no Globo, tem sentado o sarrafo nele.
Lula está perto da vitória como nunca esteve. Parece até que anda fazendo ioga de tão calmo e confiante. Tem se reunido com banqueiros, diplomatas e foi o único a ser recebido individualmente pelo presidente FH. Segundo brilhante perfil publicado num caderno especial da Folha, logo no início da campanha, Lula teve um encontro com Fernando Henrique depois da derrota de 1998. O reeleito teria apontado alguns erros do petista. Parece que ele ouviu com atenção.