Lameblogadas

sexta-feira, junho 03, 2005

À espera

Voava, porém, a luzinha verde, vindo mesmo da mata, o primeiro vagalume. Sim, o vagalume, sim, era lindo! - tão pequenino, no ar, um instante só, alto, distante, indo-se. Era, outra vez em quando, a Alegria.

Guimarães Rosa, em Primeiras estórias

Compras para o fim de semana

Poema

regresso à dor
como a manhã revolve
sombra por sombra
em busca do passado noturno,
de tudo saudosa,

porque desde sempre
não resplandecem ao ocaso
a gota de ouro, o trino doce de aves,
a manhã não se demora,
em fundo desejo, brilha a noite!

recua o sol, assim procedo,
retorno à dor, inspiro o ar escuro
desprendido da melancolia:
eis o poema.

Do amigo Felipe K, Fipo

quinta-feira, junho 02, 2005

Tocando...

Paciência
(Lenine e Dudu Falcão)

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára

Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara

Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo, e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência

Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,
A vida não pára

Dois anos em vinte dias

No rádio, Adriana Calcanhoto. Uma música sobre separação a fez pensar - e comentar - no quanto era feliz pela certeza de que a dor cantada jamais seria revivida. Pela primeira vez, acreditava no eterno. Tempos depois, o efêmero tratou de dar as caras. Mas ela ainda não conseguiu assimilar.

Agora ela sabe, pelo menos, que é preciso estar só para ter alguém.

Tudo fora do lugar...

Luminária quebrada (não dá para ler à noite), calça rasgada, livro novo do Paulo Mendes Campos e saia preferida desaparecidos, carro na oficina, amigos de férias. Quando as minhas coisas vão parar de quebrar ou sumir?

A boa é que, salvo disposições em contrário, João Gabriel vai dormir com a titia na sexta, vou levar meu computador para o conserto no sábado, pôr o cartaz de Deus e o diabo na parede (agora que consegui comprar o rack branco para a TV) e Ricardo Westin estará no Rio no fim de semana.

Tudo bem, não posso ir à Portela, mas julho não demora a chegar.



Boa notícia

Um cineclube de luxo no centro da cidade!! O Odeon vai deixar de exibir filmes do circuito e terá uma programação variada, passando de quatro a cinco filmes por dia. A farra cinematográfica começa na sexta com a exibição, entre outros, do primeiro Truffaut, "Os incompreendidos". O clássico é o primeiro também da série que está programada para junho e tem o personagem Antoine Doinel como protagonista ("Amor aos 20 anos - Antoine e Colette", "Beijos proibidos", "Domicílio conjugal" e "Amor em fuga").

Além de Truffaut, Godard e Rohmer, clássicos do cinema brasileiro como "O grande momento", "Copacabana me engana" e "Todas as mulheres do mundo" já estão na programação de junho. E mais: pré-estréias, estréias e eventos como o Cachaça Cinema Clube, a Maratona e a Sessão Cineclube continuarão em cartaz.

Não é uma beleza? Só vai faltar a inauguração do sebo Dantes.

segunda-feira, maio 30, 2005

Diário de uma moça de 30

Voltei a sentir fome. Pronto: vou engordar de novo.

Quero escrever de casa, mas está difícil reservar o dinheiro pra consertar o computador.

É muito engraçado andar de carro em cima de um reboque. Ainda mais com quatro divertidíssimos novos amigos. Mais ainda quando isso é o sonho da vida de um deles. O ruim é pagar a conta da quebradeira do carro depois... prejuízo que não sai por menos de R$500. Cadê o seguro???

Chato ter carro, pagar IPVA, voltar sozinha pra Niterói, dirigir de salto alto (voltei a usar, como devem fazer as solteiras e magras por sofrimento) e freqüentar oficinas e postos.

De um funcionário da Ponte, enquanto cuida do meu, ao ver um acidente grave a algumas centenas de metros do pedágio: "é a cachaça. Olha lá o cara atravessado na pista. O próximo encachaçado vai bater nele. Oh, não disse. Domingo de manhã é uma festa."

Eu sempre gostei da Brazooca e não sabia. Passei a ouvir Los Hermanos na sexta à noite. Sabia que um dia ia conseguir. É preciso estar de olhos abertos.

(cantarolando no carro) Foi escolher o mal-me-quer/Entre o amor de uma mulher/E as certezas do caminho/Ele não pôde se entregar/E agora vai ter de pagar com o coração, olha lá/Ele não é feliz...

Domingo de manhã, muitas e muitas pessoas saem cedo para trabalhar. Os ônibus estão cheios a partir das 7h. É uma festa nada.

Se quiser ver alguém, vá ao Unibanco Arteplex. Tive a impressão de que o Rio de Janeiro inteiro passou por lá no fim de semana. Os horários variados e a quantidade de gente é que pode atrapalhar os encontros. Não vi quem queria. Impossível.

Estando lá, é imprescindível comer o "docinho" do céu, como a vendedora anuncia a gostosura portuguesa à venda no bistrô. Concordo, é doce divino.

O novo Woody Allen é genial.

Eu sou drama, ele, comédia.

Trilha para sábado

Filosofia do Samba (Candeia)

Pra cantar samba
Não preciso de razão
Pois a razão
Está sempre com dois lados
Amor é tema tão falado
Mas ninguém
Seguiu nem cumpriu a grande lei
Cada qual ama a si próprio
Liberdade e igualdade
Onde estão, não sei

Mora na filosofia
Morou, Maria
Morou, Maria?
Morou, Maria!

Pra cantar samba
Veja o tema na lembrança
Cego é quem vê
Só aonde a vista alcança
Mandei meu dicionário às favas
Mudo é quem
Só se comunica com palavras
Se o dia nasce
Renasce o samba
Se o dia morre
Revive o samba

Mora na filosofia
Morou, Maria
Morou, Maria?
Morou, Maria!