Lameblogadas

quarta-feira, fevereiro 18, 2004



Saio do Bairros amanhã, temporariamente, e volto para a Nacional, a editoria onde comecei a minha experiência profissional aqui no Globo.

Minha ida para uma estadia de um mês estava programada para a quarta-feira de Cinzas, mas o caso Waldomiro Diniz antecipou tudo.

Não sei se terei tempo para o blog nestes dias. Amigos, torçam por mim nessa volta ao mundo da política.



Essa música do repertório de Mario Reis também fica linda na voz de Pedro Paulo Malta, que encabeça a minha lista dos 10 mais.

Cadê Mimi (João de Barro - Alberto Ribeiro)

Cadê Mimi? Cadê Mimi?
Mimi que fugiu pra Xangai,
Mimi que partiu me deixando aqui
Do meu pensamento não sai.

Cadê Mimi? Cadê Mimi?
O meu bibelô japonês
Que ainda espero encontrar e amar,
Amar mais uma vez

Perguntei a todos por Mimi,
O meu bibelô que eu encontrei e perdi,
Mas ninguém, ninguém soube dizer
Onde é que Mimi foi viver

Se algum dia eu encontrar Mimi,
O meu bibelô que eu achei e perdi,
Vou guardar Mimi numa prisão
Fechadinha em meu coração

Se algum dia eu encontrar Mimi,
O meu bibelô que eu achei e perdi,
Vou guardar Mimi numa prisão
Fechadinha em meu coração






Da série "Os meus 10 mais do samba"

No sábado, fui assistir ao "Alô alô Carnaval", na mostra do MAM, e me deliciei com os dois números musicais de Mario Reis, um dos meus cantores preferidos.

Essa música, de Sinhô, foi uma das que ouvi na voz dele hoje, no caminho para o Globo, com o meu amorzinho.

Amar a uma só mulher(Sinhô)

Amar a uma só mulher
deixando as outras todas sempre em vão
Pois a uma só a gente quer
com todo fervor do coração

Quem pintou o amor foi um ceguinho
mas não disse a cor que ele tem
Penso que só Deus dizer-nos vem
ensinando com carinho
a pura cor do querer bem

Quem pintou o amor foi bem querido
Decorou também a ingratidão
e deixou rascunhos da paixão
como lema preferido
a uma só no coração

terça-feira, fevereiro 17, 2004



Sempre me emociono quando subo a rampa sobre o aterro, que me leva a um dos meus cantos preferidos do Rio: o Museu de Arte Moderna.

Passei horas inesquecíveis ali, entre arquivos e filmes, fotos de Glauber, cheiro de filme sendo tratado, ar gelado da Cinemateca, vento frio e quente das manhãs de sexta e a desconcertante incerteza das quintas.

No intervalo dos filmes, a dúvida sobre o futuro. Cinema, jornalismo, letras? Os últimos seis meses de orgia intelectual antes do emprego que me impediria de visitá-lo tanto em tão variadas horas.

Entre uma coluna e outra, contemplação. Pássaro morto no caminho. Livros e jornais por serem lidos. Felicidade e amargura, tudo misturado.

No sábado, voltei ao MAM, lugar que marcou o tempo de descobertas. De um Rio moderno, velho, abandonado e deslumbrante. De um amor que morreria, não sem antes fazer sofrer o último átomo agonizante.

Espaço vazio. Vento. Tristeza. O futuro agora se vislumbra dali.




A História de Lily Braun (Edu Lobo - Chico Buarque/1982)

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilingüindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz



Foto roubada do Gosto de samba, que voltou hoje ao ar, para alegria das Chicólatras, sambeiras e amigas verdadeiras.



Saí do cinema meio atordoada ontem. Por causa do atraso de 40 minutos, da longa espera na fila, da quantidade de gente no chão e do sono, não me sinto à vontade para avaliar Dogville. Já aconteceu d'eu ver um filme, escutar uma música ou ler um texto de olhos e ouvidos fechados para a obra.
Sem estar com o coração aberto para ver ou ouvir, pode se achar tudo muito chato, vazio. Senti um desconforto tal no cinema ontem que minhas observações ficam embaçadas por ora. Não posso dizer que não gostei, mas me aborreci. Fiquei com raiva de estar ali, de saber que o filme teria TRÊS LONGAS HORAS de duração. Incomodada com o cenário inusitado, pequeno, irreal. Vontade de ir embora, de comer chocolate.
Poxa, o filme que faz levantar para fazer hora tem algo de errado. Mas ao mesmo tempo, instiga. A certeza de que nunca mais teria coragem de revê-lo nos levou a ficar. Não nos arrependemos, apenas saímos da sessão esgotados. Eu, com duas certezas: a Nicole Kidman é um espetáculo de mulher e de atriz; Lars von Trier é de uma pretensão irritante, que até cativa.



A casa dos hipopótamos

Passei um domingo dos mais agradáveis na companhia dos queridos Daniel, Ricardo, Simone, Isabel, Marcelo, Aôr e Raquel, e do amorzinho, claro. Meu amigo individual fez um churrasco para a despedida da casa onde morou durante muitos anos (quantos mesmo?) na Barra.
Destaques para: a conversa em dia com o doce de leite, os papos sobre TV, anos 80 e 90, os doces e a farofa da Raquel (menina prendada!), a soneca durante o jogo do Vasco, o papo à beira-piscina e a passada rápida da sempre simpática e elegante Fátima, mãe do meu amigo individual.

p.s.: como o Mario e a Valéria fazem falta!!!!



Meu amorzinho viveu uma típica noite niteroiense ontem. A sua estréia no cinema da UFF, cujos projecionistas conversam animadamente durante a sessão, deixando o filme às vezes fora do foco, não poderia ter sido mais simbólica.
Antes de começar a sessão (a R$ 2), que atrasou 40 minutos, Pepê viu correr pelo corredor à cata de um lugar ninguém menos que o ícone de uma cidade: o cantor Biafra. Sempre visto caminhando no calçadão ou pegando a Barca, Biafra é figurinha fácil em Niterói, mas é preciso ser habitué para esbarrar com ele. Pedro Paulo já é.


Sonho De Ícaro (André Leono / Biafra)

Voar voar, subir subir ir por onde for
Descer até o céu cair ou mudar de cor
Anjos de gás, asas de ilusão
E um sonho audaz feito um balão
No ar no ar eu sou assim brilho do farol
Além do mais amar no fim simplesmente sol
Rock do bom ou quem sabe jazz
Som sobre som bem mais bem mais
O que sai de mim feito prazer
De querer sentir o que eu não posso ter
O que faz de mim ser o que sou
É gostar de ir por onde ninguém for
Do alto coração mais alto coração
Viver viver e não fingir esconder no olhar
Pedir não mais que permitir jogos de azar
Fauno lunar sombras no porão
E um show vulgar todo verão
Fugir meu bem pra ser feliz só no pólo sul
Não vou mudar do meu país nem vestir azul
Faça o sinal cante uma canção
Sentimental em qualquer tom
Repetir o amor já satisfaz
Dentro do bombom há um licor a mais
Ir até que um dia chegue em fim
Em que o sol derreta a cera até o fim
Do alto coração mais alto coração