Lameblogadas

sexta-feira, julho 12, 2002

Hoje o diário de campanha deveria registrar o encontro com o Lula pela manhã. Fica para a próxima. Estou na redação há 13 horas e 15 minutos...


Preâmbulos

Preâmbulos? Não! Ontem, estive no Clube Israelita em Copacabana para reportar a palestra de Rosinha Garotinho, ops, Matheus à comunidade judaico-copacabanense. Rosinha estava contida, a tia no hospital a deixou triste e sem o ânimo característico. Abro um parêntese para falar de uma tese do Chico Otávio, ilustre repórter aqui da Nacional. Ao comentar o entusiasmo dos políticos em época de campanha, Chico disse que isso é a ânsia pelo poder. Eles acordam cedo, visitam cinco cidades por dia, beijam e abraçam o povo e andam pelas ruas como se tivessem correndo uma maratona cujo pódio de chegada é a cadeira de eleito.
Ao falar em Chico Otávio, o repórter ganhador de três prêmios Esso numa única edição, devo fazer um elogio público. Esse aposto não faz dele um ser arrogante e inacessível. Acho muito engraçado o medo que os coleguinhas sentem quando estão com ele cobrindo alguma pauta. Temem levar o furo. Como diria o Giam, um amigo meu aqui do jornal, o Chico quando sai carregando aquela pasta preta traz na volta, na mesma mala, uma grande reportagem. O que o Giam não sabe é que o repórter, às vezes, sai para fazer palestras, seminários. Um amigo dele diz que ele vai acabar virando o Lair Ribeiro do jornalismo. Brincadeiras à parte, é verdade que o Chico está sempre por trás das grandes matérias aqui do jornal.
Além disso, é adorado pelos estagiários do Globo. Testemunho pessoal: no meu tempo de estágio, foi o único repórter que me levou para fazer entrevista com fonte e me deu a chance de acompanhar a apuração de uma matéria exclusiva. O primeiro a me devolver matérias corrigidas, e em tempo recorde. Um dos poucos que não me deixaram plantada na redação esperando a saída.
Para quem não sabe, e não custa nada explicar, o estagiário no Globo não pode ir sozinho fazer reportagem. Vai sempre acompanhando o repórter, que, de vez em quando, esquece de carregar o pobre coitado (confissão: eu mesma já fiz isso, deuses, perdoem-me!). Posso garantir que o Chico foi uma das melhores companhias nos sete meses de aprendizado. Uma aula de jornalismo, de verdade.

Esse post era para falar da Rosinha, mas parece que os preâmbulos da platéia que insistia em fazer perguntas para a candidata ontem, no Clube Israelita, me influenciaram. Enveredei por outro assunto, diga-se, mais interessante.



"Lílian, a solução que lhe resta, ou por outra, a sorte que lhe foi imposta, é a de procurar, sempre e sempre, entre milhões de criaturas, inclusive os esquimós, aquela que representa a sua metade." (Nelson Rodrigues, como Myrna, no correio sentimental do Diário da Noite)
Não é uma obra-prima de Nelson, mas vale a pena ler essa nova publicação da Companhia das Letras (devo dizer que como fã ardorosa do escritor sou suspeita para falar). Segundo ele, não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo. Explica: o amor causa desassogo, apreensão, ciúme... sofrimento, enfim. O dramaturgo que tão bem esquadrinhou a alma humana em suas crônicas, romances e teatro lembra às leitoras que escreviam para pedir conselhos a Myrna que é impossível ser feliz 24 horas por dia. Quem não sofre por amor também não é feliz. Porque não sabe amar. Concordo plenamente. Prefiro chorar a cântaros a ter meu coração vazio.

quinta-feira, julho 11, 2002

Aproveitando a vida...

Ganhar um inédito do Nelson Rodrigues está entre as coisas boas da vida.

quarta-feira, julho 10, 2002

Só mesmo Rosinha Garotinho e as eleições no Rio para juntar num mesmo palanque o bispo Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, e o cantor Elymar Santos. Trilha sonora: Pra não dizer que não falei de flores (Vandré), Brasil (Cazuza), O que é, o que é (Gonzaguinha), entre outras pérolas. No fim, ainda teve jingle do Garotinho. Eu sei que ninguém se interessa, mas por dever de memorialista transcreverei o refrão. "Fé no Brasil, fé na vitória, fé no Brasil pra mudar essa história. Garotinho."
Eleições, eleições.



Depois do Lamas

Depois de uma noite muito mal-dormida, a bonança. Ontem, três chopps no Lamas não foram suficientes para resolver os problemas desse mundo, mas serviram para desanuviar almas. A minha dormiu tranqüila. E feliz. Pelo menos por enquanto. Mas quem se preocupa com o futuro? Ora, ora. Carpe diem será meu lema nos próximos dias. Até a próxima crise.

Que falta de sorte! Na folga, tive que ir ao médico por causa de uma tendinite. Pudera! Passar o dia inteiro visitando quatro comunidades do Complexo de Acari calçando um tamanquinho fashion!
Vou tentar, a partir de hoje (um pouco atrasada, é verdade), fazer um diário de campanha. Nossa idéia, minha e da Fernanda Galvão, do jornal O Dia, é escrevermos sobre nosso calvário durante as eleições. Com fotos. Vai ser uma beleza. A candidata que temos acompanhado chama a si própria de filha do vento. Rosinha Garotinho, quer dizer, Matheus (O Globo a partir de amanhã só publicará o nome de batismo), tem um piiiique. A mulher come bananas o dia inteiro. Nós, pobres repórteres, torcemos pelas panfletagens em feiras. Assim conseguimos comer frutinhas pelo caminho. Em Acari, fui obrigada a comprar um saco de biscoito tamanho família do tipo Skiny.
Mas o fato é que eu e Fernanda pensamos todo dia numa maneira de ganharmos dinheiro com o jornalismo. Ela acha que eu não tenho mais saída, larguei a única chance de crescer na vida: deixei a faculdade de economia. Ainda em Acari, uma amiga de faculdade me liga. Sentada em sua cadeira de auditora da Sul América, ela custa a entender onde estou. Desiste e trata logo do assunto. Quer de volta um livro de Economia que me emprestou quando eu dei de estudar economia de novo, no início desse ano.
Meu objetivo era tornar-me uma repórter de Economia. Não deu, mas juro que a política, em época de eleições, está sendo bem divertido.