Lameblogadas

sexta-feira, fevereiro 24, 2006



Desde que fui, há uns dois anos talvez, assistir ao meu primeiro show da Velha Guarda do Império Serrano, no CCBB, aguardava com ansiedade o disco dos bambas de Madureira que estava sendo produzido por Paulão Sete Cordas. Cada vez que encontrava os sambistas, fazendo matéria para o Globo-Zona Norte ou nos bailes da vida, eles comentavam com expectativa sobre o tal disco que não saía nunca.

Pois bem, o Pentimento anunciou, a Folha de São Paulo já registrou e o site da Biscoito Fino está vendendo: saiu o CD e estou curiosíssima para ouvir.

Falar dele não deixa de ser a minha homenagem ao Império, que foi a principal adversária do passado e que divide hoje as agruras do presente com a minha PORTELA.

Bom Carnaval!!!




Para espantar a melancolia (vou trabalhar todos os dias desse Carnaval e não é na Sapucaí), vou postar um samba-enredo do mestre Ary do Cavaco, de 1971, e que vim ouvindo hoje no caminho de casa para O Globo na gravação do Paulinho da Viola. Ary do Cavaco é um dos compositores que assinam o samba deste ano da minha querida Portela.

Cada vez me convenço mais que há mesmo uma separação dolorosa, inevitável e eterna entre o samba dos grandes da Portela e o dos desfiles na Sapucaí. Por mais que sejamos bons na quadra, tenhamos uma Velha Guarda de dar orgulho não conseguimos mais juntar as duas pontas. O negócio é curtir as feijoadas dos primeiros sábados (com ressalvas, já que a nova administração tem estragado um pouco o convívio entre os portelenses) e torcer para que a azul-e-branco de Oswaldo Cruz, pelo menos, não caia para o segundo grupo. Do jeito que as coisas andam, essa é a única torcida possível.

E que deixem a nossa Velha Guarda desfilar em paz.


Lapa em três tempos
Ary do Cavaco e Rubens

Vem dos Vice-Reis
E dos tempos do Brasil imperial
Através de tradições
Até a república atual
Os grandes mestres do passado
Dedicaram obras de grande valor

À Lapa de hoje
À Lapa de outrora
Que revivemos agora

As serestas
Quantas saudades nos traz
Os cabarés e as festas
Emolduradas pelos lampiões a gás
As sociedades e os cordões
Dos antigos carnavais

Olha a roda de malandro
Quero ver quem vai cair
Capoeira vai plantando
Pois agora vais subir
Poeira....poeira ô poeira
O samba vai levantar poeira

Imagem do Rio antigo
Berço de grandes vultos da história
A moderna arquitetura lhe renova a toda hora
Mas os famosos arcos
Os belos mosteiros
São relíquias deste bairro
Que foi o berço de boêmios seresteiros

Abre a janela formosa mulher
Cantava o poeta trovador
Abre a janela formosa mulher
Da velha Lapa que passou

terça-feira, fevereiro 21, 2006



DOS MEGASHOWS

Rolling Stones - EU FUI

No distante 1995, eu fui ao Maracanã com um namorado e seis ou sete amigos homens - dele, para assistir a uma das apresentações de Mick Jagger e cia. Já tinha ido ao Rock in Rio II e outros Hollywood Rock na praça da Apoteose. Mas o Voodo Lounge foi o melhor show que já vi na vida. Daquela tarde de quinta-feira (eu ainda podia ir a um show durante a semana), eu me lembro de dois momentos especiais: quando eles cantaram Angie e eu chorei e quando Satisfaction me fez pular, pela primeira vez, sem controlar meus movimentos. Subia e descia acompanhando a massa, às vezes tinha a sensação de que o chão me fugia - é a mesma sensação do caldo no mar, você perde o controle e acha que não voltará a se mexer por conta própria. Ah, e nem no Rock in Rio eu vira efeitos especiais tão grandiosos.

Pela experiência de ter visto as Pedras Rolantes com conforto, em meio à multidão, não tive vontade de me aboletar na Praia de Copacabana para ver o show... pelo telão. O absurdo da área VIP (nada contra os famosos ou privilegiados que ganham o direito de serem mais felizes que os simples mortais) me revoltou. O que me deixa indignada é o direito que uma operadora de celular tem de fazer propaganda às custas do povão e da prefeitura.



Já no domingo o U2 começou a ganhar espaço no noticiário. No Fantástico (sim, eu estava em casa nessa hora, em vez de estar conferindo o último Woody Alen), Bono Vox deu uma espetada nos Stones sem que o tradutor simultâneo captasse ou quisesse revelar aos telespectadores. Disse que ainda não estava precisando fazer shows de graça. A julgar pela sua postura politicamente correta (e chata pra cacete!), ele deveria se preocupar em vir para um país de Terceiro Mundo e dar oportunidade aos pobres de ouvi-lo também.

No show, ele disse à platéia: agora é a nossa vez. Ora bolas, pela TV deu para sentir (e até meu pai comentou isso comigo) que a banda irlandesa estava muito mais empolgante que a inglesa no dia anterior. Mas aí tem duas coisas: o que a Globo mostrava na apresentação dos Stones era uma platéia VIP mais preocupada em aparecer e registrar tudo nos celulares que tiram fotos que pular com alegria ao som de Keith Richards, Charlie Watts, Ron Wood e Mick Jagger. De qualquer forma, o U2 pareceu mais empolgante, melhor mesmo. E preciso confessar: apesar de reconhecer a importância dos Stones para o rock, o U2 tem muito mais a ver comigo, com a minha história. Não vi os clássicos dos ingleses nascerem, os dos irlandeses, sim.

******************

Ah, já achei o Bono Vox lindo, mas preferia o Axl Rose. Coisas de adolescente. Só que ontem descobri porque o irlandês usa aqueles óculos bregas: ele é VESGO! Aquele chapéu de cowboy também estava feio. Muito feio. Katilce (!!!!) Miranda, a fã de Volta Redonda que subiu ao palco ontem, se esbaldou em carinhos no vocalista suado. Que nojo!!!


******************

Minha mãe não disse nada, mas tenho certeza que pensou: quem diria ela me veria um dia em casa assistindo a um grande show pela TV, ao lado do namorado. Como eu disse ao tentar convencê-la a me deixar ir no Rock in Rio: "mãe, um dia isso tudo passa. mas agora é minha hora. se não for, eu MORRO." Ela não deixou nada, mas eu fui assim mesmo.