Lameblogadas

sábado, novembro 11, 2006


No melhor restaurante de Maringá Posted by Picasa


A felicidade é azul



Lembrando do balanço da fazenda em Cordeiro...
Eu sempre detestei balanços de parque. Em Cordeiro, tinha o nosso, pendurado na árvore, para onde eu corria assim que chegávamos de viagem. O balanço e as carambolas são as maiores lembranças daquela primeira casa. Da fazenda maior, me vêm o cheiro do café moído, da goiabada nos tachos, do milho assando no fogão a lenha, do suco de limão servido aos baldes (e servido com conhas), do leite fervendo, da galinha no fogo... Depois do balanço, o lanche invariável: pão com ovo frito e gema mole, que sujava sempre a roupa, sempre! Também me lembro, eca, que nos dias de festas, as crianças eram levadas para longe na hora da morte dos porcos que serviriam de almoço. "Com criança por perto, eles demoram a sofrer, porque elas sofrem, ficam com pena", diziam os mais velhos. Mas as crianças gostavam de ver o porco morto na mesa, sendo retalhado. Foi assim que eu vi, e peguei, num cérebro pela primeira vez na vida. Experiência jamais repetida fora de lá.
Em época de jabuticaba, a diversão era subir no pé e devorá-las lá em cima. Como nunca comi e tinha medo de subir em árvore, preferia as mexericas e goiabas, bem mais acessíveis e gostosas.
Como era boa a vida em fazenda. Toda criança da cidade deve ter contato com bichos e as plantas, pra saber reconhecê-los, decretou a minha mãe, quando eu era um bebê de dois meses e fui passar meu primeiro fim de semana em contato com a natureza, na fazenda que hoje só vive em nossas memórias.


Na cachoeira do escorrega, onde jamais escorregarei... medo!!!



Nossa mesa no quarto da pousada: livros, batatas, CDs e minha faixa verde e roxa que sumiu na poeira...

Observações:

* o vinho francês era uma bosta;
* "A sangue frio" foi o livro que mais me marcou esse ano, chegando a provocar em boa parte a necessidade de "esvaziamento" que veio depois (que se acentuou após a leitura de "Rota 66", provocando um curto-circuito mental do qual custei a me recuperar);
* terminei de ler "O príncipe e o sabiá" mas ainda não comprei "Bom dia para nascer", do mesmo autor e do qual preciso ler um dia ("encomendei "Pequenas epifanias" no amigo-oculto);
* não me perdoo por ter perdido a faixa verde e roxa, da qual me lembro sempre que combino essas cores;
* aboli a Pringles da minha vida (evitando até entrar na Americanas à tarde, antes do trabalho);
* me deu saudade do pão de queijo da fazenda onde nos hospedamos e onde havia um café da manhã magnífico, mas onde os donos tiveram a dispensável idéia de nos presentear com um horrível ovo de Páscoa industrializado (era o feriado da Semana Santa e todos os quitutes maravilhosos servidos na fazenda eram artesanais).

Abril de 2006, feriado, folga, viagem com o amorzinho.
Lembranças boas em mais um dia de repouso forçado, inquietante.
Recosto no travesseiro e baixo um programa que me permite jogar minhas fotos direto no blog. Uma beleza essa tecnologia.
Agora só falta pagar o computador, o rack e o IPVA para poder comprar a máquina digital. Demoro muito a entrar no meu tempo. Às vezes, isso incomoda. Às vezes, não.
Por que eu tenho pneumotórax? Penso em como a doença mudou o rumo da minha vida. Tento não deixá-la influenciar mais nada. Não vou me traumatizar porque a crise começou na aula de Pilates, na academia. Vou voltar ao exercício assim que o pulmão encostar de novo no tórax e voltar ao tamanho normal. Com derrame ou sem derrame.
A seguir (de baixo para cima), fotos da viagem a Visconde de Mauá (por que falamos em Mauá se nos hospedamos em Maringá e passeamos em Maromba?)



Em Maringá, a dúvida: qual dos colares vai me enfeitar logo mais?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Laudo:

Hidropneumotórax à direita
Sutura metálica no 1/3 superior do hemitórax direito.
Pulmão esquerdo de transparência normal.
Coração de configuração e diâmetros anatômicos.
Aorta de calibre normal.
Hilos sem alterações.
Seio costo-frênico esquerdo livre.
Obstrução com nível hidroaéreo do seio costo-frênico direito.

Recomendação médica:

Repouso absoluto

Psicológica:

Passiflorine

Terapêutica:

Muita leitura, de livros leves. Alguns filmes.

Afetiva:

Mãe, amor e amigos por perto.

Tempo de recuperação:

Indefinido.

segunda-feira, novembro 06, 2006




Música do dia

Filosofia do samba (Candeia)

Pra cantar samba
não preciso de razão,
pois a razão
está sempre com dois lados.

Amor é tema tão falado,
mas ninguém seguiu nem cumpriu a grande lei:
cada qual ama a si próprio,
"liberdade e igualdade", onde estão,
não sei.

Mora na filosofia,
morou, Maria...
Morou, Maria?
Morou, Maria!

Pra cantar samba
veja o tema na lembrança:
Cego é quem vê
só aonde a vista alcança.
Mandei meu dicionário às favas:
mudo é quem
só se comunica com palavras.
Se o dia nasce,
renasce o samba.
Se o dia morre,
revive o samba
.

Mora na filosofia,
morou, Maria...
Morou, Maria?
Morou, Maria!

***********************


"Ouço uma voz que me chama, corre e vem ver
Essa mulher... que chora!"


No meu primeiro fim de semana de folga, tem feijoada na Portela. Estou precisando renovar minhas energias na casa de Monarco, Clara Nunes e a Velha Guarda. Vou pegar o trem do samba com Marquinhos de Oswaldo Cruz:

Geografia do samba

Gente boa, onde Aniceto está?
Foi pra bem longe
Quero ver quem vai dizer em versos
Onde se esconde

Vou sair mas volto já, meu bem
Eu não demoro
Vou pegar um parador alí
Em Deodoro

Lá na casa do Osmar
Tem um pagode bem legal
Eu saí de Deodoro e cheguei
Em Marechal

Salve a lira do amor
Escola de grandes partideiros
E depois de Marechal, o que é que vem?
Bento Ribeiro

Vou pra terra de Candeia
Onde o samba me seduz
Pois lugar de gente bamba, onde é?
Oswaldo Cruz

Lá na Portela ninguém fica de bobeira
Mas o Império Serrano também é
Em Madureira

Quem é bom já nasce feito
Quem é bom não se mistura
Que saudade do pagode do Arlindo
Em Cascadura

Já pedi pro meu São Jorge
Pra guiar o meu destino
Na igreja do Guerreiro eu rezei
Lá em Quintino

Tem Botija, Água Santa, Usina
E universidade
Alô, Caixa, alô, 18, alô, Povão
Da Piedade

Vou seguindo a trajetória
Mas o trem tá muito lento
E a parada obrigatória, onde é?
No Engenho de Dentro

Méier, Engenho Novo, Sampaio, Rocha
Que canseira
Riachuelo, São Francisco, até que enfim
Minha Mangueira

Maracanã, São Cristóvão
Lindo bairro imperial
Só depois de Lauro Muller