Lameblogadas

sexta-feira, agosto 13, 2004



Brilho eterno de uma mente sem lembranças...

Saí do cinema ontem vasculhando o passado na memória. Misturado aos sentimentos do presente, tudo se resumiu a uma certeza: não há nada que se tente apagar quando o mais forte é o amor.

Por isso, o quadro só pôde ser posto na parede quando nenhum sentimento despertava mais. Estava ali apenas como um bom teste: acabou mesmo, que alegria. Um dia, acordei e achei que era feio. Retirei também sem nada sentir. Ótimo.

O melhor é quando se guardam as coisas boas, sem que isso cause sofrimentos. Tão bom me lembrar só dos lugares que visitei sem pensar na companhia de outrora - por total falta de importância. Melhor ainda é pensar no que foi construído sem mágoas no coração. Sinal de crescimento interior.

Na solidão do carro, outras reflexões. Por que a sensação de que o bom é o início do namoro, quando ainda não conhecemos os defeitos, fragilidades e maluquices do outro? Quando as mágoas não macularam os corações? Quando o sentimento é forte e presente, o tempo, e o que vai sendo construído ao longo, só fortalece os laços. Tem sido assim. Até que, como escreveu Paulo Mendes Campos numa crônica que dá nome a um livro de coletânea, o amor acaba. Ou renasce, eu diria. Ou permanece intacto, como atesto em relação ao que sinto agora.



João Gabriel

Em seu primeiro dia de vida, ele já demonstrava que seria muito parecido com a titia: no berçário, todo encolhidinho, estava de barriga para baixo, dormindo do mesmo jeitinho que eu.

Magrinho, sempre foi "ruim de comer", nas palavras da minha mãe. Como eu. É tão carinhoso que quando chega lá em casa fica uns bons cinco minutos (tempo recorde para uma criança cheia de gás) no meu colo, num abraço carinhoso que alegra o mais triste dos dias.

Demorou a começar a falar, mas agora é ele quem atende o telefone em casa:
_ Alô.
_ Alô, Neném...
_ Oi, titia Cládia. Pepê tá aí? _ pergunta, reconhecendo minha voz e querendo saber do amigo com quem adora brincar quando visita minha casa.

João Gabriel é a minha maior fonte de emoções. Nem o mais cansativo dos dias me impede de levantar da cama assim que escuto a sua presença. Não passo um dia sem ligar, para ouvir sua vozinha, nem que seja de longe, quando ele cisma de não querer atender porque está brincando.

Agora está na escola. No segundo dia, inventou para a tia que estava "passando mal". Perguntado sobre o que estava sentindo, apontou para os olhos. "Dói", inventou, talvez com aquela dorzinha mesmo de vontade de chorar.

Ele é o amor da minha vida.

quinta-feira, agosto 12, 2004



Há pouco menos de três anos, sentamos na mesa preferida dos estagiários no seu Artur. Ali, onde pessoas se encontraram, se conheceram melhor e se tornaram amigas eu me aproximei de um menino muito especial. Inteligente, apaixonado por música e futebol, ele revelou a sua alma, seus amores, suas dúvidas. Eu também, com minhas fragilidades, anseios e incertezas... A amizade individual (um conceito complicado) nasceu ali, naquela noite em que os outros amigos parecem ter deixado para ser só nossa. Todo mundo furou o chopp daquele dia. Com isso, pude me aproximar mais do Daniel, meu amigo com mais idiossincrasias, aquele que mais contesta as coisas que escrevo, com muitos e bons argumentos, que foi uma das mais fortes inspirações para esse blog nascer e que, embora um tanto afastado do dia-a-dia, continua a ser uma das pessoas mais queridas. Hoje é seu aniversário e desde ontem fiquei pensando na imagem que colocaria no blog para homenageá-lo e me lembrei do Cruzeiro, time pelo qual, em mais uma de minhas incompreensões, ele torce - mesmo nunca tendo morado em Minas.

Parabéns, Daniel Moutinho.

segunda-feira, agosto 09, 2004



Amanhã, os Dois Bicudos (que não se beijam) iniciam curta temporada no Centro Cultural Carioca. Eles vão se apresentar às terças de agosto. Quem perdeu o show de lançamento do CD, vai poder conferir as pérolas do disco e do repertório da dupla que vem abalando a noite carioca da Lapa e adjacências.

Como empresária do meu bicudo (ainda largo o jornalismo pelo showbizz!!!), estou enviando às rádios esta semana a música de trabalho do disco. "Requebra, morena", de Mauro Duarte e Paulo Cesar Pinheiro, que já foi gravada por Zeca Pagodinho, mas ganhou outra vida na voz de Pedro Paulo Malta e Alfredo Del-Penho, é uma das que mais tem agradado ao público. Com vocês,

Requebra, morena

Requebra, morena bonita, eu quero ver
Cai lá, vai sambar, vai mostrar teu dossiê
Vai fundo, que tem vagabundo enchendo o pote
Querendo esse rabo-de-saia, esse decote
Requebra, sacode Carola, que eu quero ver
Que eu fico de olho, eu conheço o metiê
Só chego quando já tem nêgo armando o bote
Querendo sair com a cabrocha no pinote

Mas, qual o quê, a moçada não paga nem placê
Que a morena é banquete pra bufê
Com garçom a rigor servindo scotch
No meu apê já bateu empresário de TV
Mas a nêga diz que não tem cachê
Que lhe pague o meu beijo no cangote
Só sei dizer que a menina onde vai tem comitê
Todo mundo faz fila no guichê
E eu só fico a assistir de camarote

Seu balancê onde passa provoca um fuzuê
E seu vestido curto de plissê
Deixa ver boa parte de seu dote
E quem me vê manda logo uma frase de clichê
'Meu amigo não dá para entender
Isso é muita mulher pra esse baixote!'
Veja você, só pilota avião quem tem brevê
Quando a moça ocupou meu sumiê
Gostou tanto que quer fazer um pixote"



Fórmula-1 em festa

Meu pequeno João Gabriel mantém a tradição da família. Ao ouvir a mãe planejando sua próxima festa de aniversário (ele completa três anos em janeiro/2005) com o tema de palhaço, JG protestou:

_ Não queio feta de paiaço. Queio feta de Fómua-1. Queio caio de Ubinho Baiquéio, de Schumaque e Tuli.

Citando os três pilotos que já conhece, Neném ("não sou Neném, titia, sou Uão Gabiel) terá feita a sua vontade. Mamãe Daniela já até pediu socorro ao acervo de fotos e pôsteres da titia Cláudia para enfeitar a festa.

Como ele não conhecia Ayrton Senna, titia mostrou as fotos para ele e disse que Senna era o grande campeão da Fórmula-1.

- Não, titia Cládia. É Schumaque.

Então, tá. Na próxima visita, vou mostrar os vídeos. Só não sei como vou explicar a ausência de Senna nas corridas de domingo...