Lameblogadas

sábado, julho 09, 2005

Para não dizer que não falo mais de música...


tudo bem, é uma música da Legião Urbana e estou no meio de um pescoção (fechamento do jornal de domingo, para quem não tem intimidade com o jargão das redações), mas é música de um de meus discos preferidos - e estou precisando ouvir.



Andrea Doria (Renato Russo/Dado Villa-Lobos/Marcelo Bonfá)

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco
mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.

Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.

Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.

Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.

Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
Como sei que tens também.



Nunca tinha ouvido falar do escritor Rodrigo Otávio Langgaard de Meneses até começar a ler "A vida literária no Brasil 1900".

Como o nome diz, o livro é um passeio pela vida, costumes e escritos de autores em voga no início do século, principalmente no Rio de Janeiro. O autor conta casos, lembra polêmicas, descreve saraus nas casas dos escritores e encontros nos badalados cafés da época.

São citados nomes de livros e escritores consagrados e outros que caíram no esquecimento. Um deles é Rodrigo Otávio. O que me chamou a atenção não foi sua amizade com Machado de Assis nem o trecho de um seus livros citados na obra, mas o nome de um deles (pesquisei na internet e vi que ele escreveu, pelo menos, uns 18): Minhas histórias dos outros, da José Olympio, 1935. Qualquer semelhança com nome de livro escrito setenta anos depois, claro, é mera coincidência.

quarta-feira, julho 06, 2005

Muito preciso o raciocínio da senadora Heloisa Helena. Se Lula é inteligente e perspicaz, portanto capacitado para exercer o cargo, deveria saber de tudo o que acontece à sua volta. Se não sabia foi omisso. Se sabia, conivente. Se é incapaz de ver as coisas é porque não estava preparado para governar. Não há saída para o presidente. Sua imagem está arranhada para sempre.

Eu não chego a me arrepender por ter votado nele, até porque acho que é cedo para julgá-lo, mas me dá uma tristeza terrível quando vejo, todos os dias, minha foto ao lado dele, durante a campanha de 2002... mais ainda quando lembro de ter contado ao então candidato que já tinha conseguido convencer meus pais a votarem nele pela primeira vez.

Distorções

Roberto Jefferson admite que mente, que é corrupto, que nunca esteve na oposição a qualquer governo e é aplaudido. Virou pop-star, herói nacional, quase um galã e é aplaudido. Meu Deus, onde está a consciência das pessoas? Será que todo mundo sabe que ele está fazendo denúncias porque odeita o PT e não queria cair no atoleiro sozinho?

Quem viu a entrevista dele ontem no "Programa do Jô" sabe do que estou falando. Tudo bem que apresentadores, jornalistas, deputados e senadores estão atrás de furos, novas revelações e denúncias, mas as tentativas de seduzir o entrevistado para conseguir tais objetivos têm que ter limites.

segunda-feira, julho 04, 2005



Estrelas ao chão

"Minha vida era um palco iluminado/Eu vivia vestido de dourado/Palhaço das perdidas ilusões/Cheio dos guizos falsos de alegria/Andei cantando a minha fantasia/Entre aplausos febris dos corações."


Como estou com tempo hoje, já que meu trabalho se resume a esperar a entrevista do José Genoino ao Roda Viva para transcrevê-la aos leitores no segundo e terceiros clichês, queria dividir com meus leitores trechos da entrevista do senador Jefferson Peres (PDT), um dos integrantes da CPI dos Correios (ou das estatais, mensalão e outras histórias escabrosas), ao GLOBO. É velha, da semana retrasada, mas eu quero republicar assim mesmo.

"Hoje, no meio dessa grave crise, quando o presidente faz um teatro, aparecendo sempre risonho, falando de outros assuntos, de clubes de futebol, fazendo piadas, ele está passando a imagem de duas coisas: leviandade e alienação.

É claro que ele tem apego ao poder, sim. Talvez mais por esse lado charmoso do poder de falar freqüentemente, viajar, se sentir um líder internacional. Isso deve ter mexido com a cabeça de um homem de cabeça simples como o Lula. Creio que seria muito doloroso para ele não continuar no poder por isso. Tudo indica que ele não gosta de operar o governo, de examinar problemas, de decidir, ele gosta é do palco iluminado.

Lula não é um patrimonialista, que tire proveito do poder em termos de enriquecimento ilícito pessoal, não tenho dúvida. Mas não tem espírito republicano, no sentido de que a Presidência da República é uma instituição, que deve ser exercida com impessoalidade. Ele acha que pode beneficiar amigos e correligionários, distribuir benesses. Ele não tem espírito republicano, talvez por falta de formação. É um homem muito obscuro. Pode me chamar de preconceituoso, mas sua formação intelectual limitada contribui para isso."

OBSERVAÇÃO: Hoje acordei mais pessimista que nunca.



"Os velhos políticos corruptos limitavam-se a roubar. O PT transformou o roubo em sistema, o sistema em militância, a militância em substitutivo das leis e instituições, rebaixadas à condição de entraves temporários à construção da grande utopia.

Os velhos políticos roubavam para si próprios, individualmente ou em pequenos grupos, moderando a audácia dos golpes pelo medo das denúncias. O PT rouba com a autoridade moral de quem, ao arrogar-se os méritos de um futuro hipotético, já está absolvido a priori de todos os delitos do presente; rouba com a tranqüilidade e o destemor de quem pode usar licitamente de todos os meios, já que é o senhor absoluto de todos os fins."

Olavo de Carvalho, 25.06.2005



Caso Celso Daniel

Quem assistiu ontem à entrevista do deputado Roberto Jefferson na Band, deve ter visto também reportagem sobre o obscuro caso Celso Daniel, que ganha novas cores agora que a estrela do PT anda embaçada pelas denúncias de corrupção. Primeiro, a observação: até agora, era difícil suspeitar do partido, completamente blindado pela bandeira da ética.

Uma das revelações da matéria é de que o prefeito de Santo André foi barbaramente torturado antes de morrer. Segundo os promotores de São Paulo que investigam o assassinato, Daniel possuía um dossiê com informações sobre desvio de dinheiro e corrupção na prefeitura e teria sido pressionado a entregá-lo, mas resistiu e acabou morrendo a bala. Matéria do GLOBO do último dia 26 mostrou que havia a suspeita deste dossiê ter sido entregue a Daniel pelo seu então secretário, hoje chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.

O Jornal da Noite, programa comandado pelo jornalista Roberto Cabrini, teve acesso ainda a fitas contendo diálogos entre Carvalho, o deputado Eduardo Greenhalgh (PT-SP), designado pelo PT para acompanhar as investigações, Klinger Oliveira Souza, secretário de Assuntos Municipais da prefeitura de Santo André, e com Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, empresário de ônibus indiciado por ter encomendado a morte do prefeito.

**Os diálogos:

Sombra conversa com Gilberto Carvalho

Gilberto: “Marcamos às 3h na casa do Zé Dirceu. Vamos ter uma conversa, conversar um pouco sobre nossa tática da semana. Porque nos vamos ter que ir para a contra-ofensiva”

Sombra: “Eu vou falar com meus advogados amanhã. A nossa idéia é colocar esta investigação sob suspeição, arrumar um jeito de...”

Gilberto: “Acho que esse é um bom caminho...”

Greenhalgh conversa com Gilberto Carvalho

Greenhalg: “Olha, deixa eu te falar. Está chegando a hora do João Francisco (irmão de Celso Daniel) depor. E antes do depoimento quero conversar com você para ele não destilar ressentimentos lá”

Gilberto: “Pelo amor de Deus, isto vai ser fundamental. Tem que preparar bem isto aí, cara. Porque este cara vai... tudo bem”

Klinger conversa com Sombra

Sombra: “Fala com o Gilberto aí. Tem que armar alguma coisa cara”

Klinger: “Não cara, calma, calma. Eu to indo pra aí pra gente conversar sobre isso”

Sombra: “Eu to calmo! Eu quero que as coisas sejam resolvidas. Eu to calmo!”


As gravações contidas nas fitas obtidas pela reportagem da Band foram feitas a pedido da Justiça para investigar outro caso, da CPI do Narcotráfico. Elas tinham sido destruídas pelo juiz Rocha Mattos, preso e acusado de liderar um quadrilha que praticava extorsões no Poder Judiciário.

A reportagem teve acesso ainda a cartas escritas por um detento endereçadas ao presidente e a outras autoridades em que ele dizia que o crime fora encomendado ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e planejado dentro das prisões paulistas. A equipe tentou ouvir o detento, mas a administração peninteciária de SP não permitiu o acesso, mesmo com a autorização da Justiça.

O PT sempre defendeu a tese de crime comum para o assassinato. O irmão do prefeito, João Francisco Daniel, ao contrário, insiste na tese do crime político. "O Gilberto Carvalho me disse numa conversa lá em casa que ele pegava o dinheiro arrecadado para o financiamento das campanhas do partido e encaminhava ao Zé Dirceu”, afirmou à Band.

Essas notícias ganham credibilidade agora que o mar de lama parece afogar a história do PT. Vê-se hoje que quando o PT tenta desmerecer ou encobrir qualquer tentativa de investigação de algum caso, é porque tem algo a esconder mesmo. Não custa nada lembrar do velho ditado de quem não deve não teme.


** Diálogos reproduzidos do site www.diegocasagrande.com.br



Estranho

A secretária Fernanda Karina Somaggio deixou para falar dos contatos do seu ex-chefe com o líder do PMDB, José Borba, na véspera do anúncio da reforma ministerial. Lula deveria divulgá-la hoje, anunciando os dois nomes do PMDB que vão compor o ministério. O partido passaria a ter quatro pastas no governo.

Não é o caso de se acreditar ou não no que ela diz, os saques no Banco Rural estão aí para mostrar que tudo pode ser verdade, o problema é saber que as informações da secretária não parecem sair de sua memória. Tenho certeza de que alguém anda ditando respostas a Fernanda Karina.